Cinco perguntas para Mariana Baierle

Deficiente visual, ela é a apresentadora do quadro Acessibilidade, do programa Cidadania, da TVE.

Crédito da foto: Giovanni Rocha

1. Quem é você, de onde veio e o que faz?

Sou a Mariana Baierle, mas meus amigos me chamam de Mari. Nasci em Porto Alegre, tenho 27 anos e sou jornalista, formada pela PUC, além de mestre em Letras pela Ufrgs. Atualmente, trabalho na TVE, onde apresento um quadro sobre acessibilidade nas sextas-feiras, dentro do programa Cidadania.

Tenho o blog ‘Três Gotinhas’, em que conto parte da minha vida, minhas experiências e meu cotidiano, além de veicular notícias e dicas sobre acessibilidade. Estou ministrando um curso de extensão na Faculdade de Educação da Ufrgs (Educação, Cultura e Acessibilidade). Trabalho ainda como consultora de audiodescrição e de acessibilidade em projetos culturais. Faço também divulgação de eventos e assessoria de imprensa como free lancer.

2. Como é apresentar um quadro em um programa de televisão?

Este programa, apresentado por Lena Ruduit, vai ao ar segundas, quartas e sextas-feiras às 19h. Nas sextas-feiras, eu tenho um quadro sobre Acessibilidade, onde faço comentários sobre assuntos diversos, tais como: produtos culturais acessíveis, direitos das pessoas com deficiência, mercado de trabalho, educação, eventos, esporte, lazer, etc.

É a primeira vez que trabalho em TV. Estou aprendendo. O trabalho em equipe e o apoio dos colegas têm sido fundamental.

3. Como você lida com a baixa visão profissionalmente?

Eu diria que lido bem. Nunca me limitei, tanto na profissão quanto na minha vida pessoal, por ter deficiência visual – cerca de 10% de visão. Acho que lido com isso de uma forma muito tranquila, até porque já nasci com esse nível de visão, então hoje é algo muito natural. Tento agir naturalmente em relação a isso, pois cada pessoa tem suas próprias características – e essa é uma entre tantas coisas que me definem. Não me coloco em posição de vítima por ter deficiência visual. Jamais me senti como “coitadinha” ou como “um exemplo de alguém que se supera”.

Acho que se as pessoas com deficiência tivessem as condições adequadas para se desenvolver, desde a educação básica até o mercado de trabalho, o fato de ocuparem diversos espaços e tipos de emprego não seria tão espetacular – seria visto com maior naturalidade. Quero que um dia eu as pessoas com deficiência sejam reconhecidas primeiro pelo talento e capacidade, e depois pela deficiência. Esse ainda é um sonho distante, mas é o que eu vou sempre perseguir. Sei de minhas capacidades e que posso exercer minha profissão da mesma forma como meus colegas jornalistas.

Nunca deixei de fazer nada desde a época da faculdade. Fiz todas as disciplinas, até as mais difíceis para mim, como fotografia, edição de vídeo, diagramação, entre outras. E em todas fui aprovada por mérito próprio. Nunca tive professores que simplesmente me aprovassem sem que eu cumprisse todos os requisitos.

Fico muito chateada quando me deparo no mercado de trabalho com pessoas que pensam que não posso exercer o Jornalismo plenamente por ter baixa visão. Posso não enxergar os detalhes de algumas coisas (da forma como outras pessoas veem), em compensação, tenho maior sensibilidade para sentir o ambiente, avaliar situações e compreender o que está acontecendo.

4. O que mais lhe dá prazer na profissão?

A possibilidade de entrevistar pessoas, conhecer lugares e realidades diferentes. O Jornalismo me encanta porque permite essa troca. Estou sempre lendo e buscando me aperfeiçoar.

5. Quais são os planos para os próximos cinco anos?

Pretendo seguir trabalhando com comunicação e, se possível, me aperfeiçoando nessa área da acessibilidade. Quero seguir dando cursos e talvez inicie o doutorado nessa área. São ideias que estou amadurecendo. Gosto de dar aula, de interagir com uma turma de alunos, de observar o crescimento deles, de poder ensinar e, principalmente, de aprender com eles. É muito bom sentir que você pode multiplicar algum tipo de conhecimento e sentir que as pessoas vão levar aquilo adiante.

Fonte: Coletiva.net
Data: 26/11/2012

2 opiniões sobre “Cinco perguntas para Mariana Baierle”

  1. Oi Mariana meu nome é Alanna Tenho17 anos também tenho baixa visão, faço o Ensino Médio integrado em Eletrotécnica no Instituto Federal de Educação Ciências e tecnologias do Ceará. Gostei muito do seu blog. bjs

  2. Oi Alanna!! Que legal receber teu recadinho.. Que legal que gostou do blog. Podemos conversar mais. Tens facebook? Me adiciona la: Mariana Baierle. Podemos trocar experiências. E se tiveres sugestões para o blog sao mto bem-vindas!!! bjao

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