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Resignificando sabores

Você já identificou se o chocolate é branco ou preto de olhos fechados, ao derreter na boca?

Já deixou a chuva encharcar sua roupa e abriu a boca para matar a sede?

Já sentiu o cheiro do mato molhado na tempestade?

Já dançou sem se importar se alguém está vendo?

Já gargalhou até ficar com a barriga doendo?

Já cantou no chuveiro sem se dar conta?

Já escutou seu artista favorito no último volume, sem se preocupar com vizinhos?

Já percebeu outro coração acelerado no mesmo ritmo que o seu?

Já trocou um beijo intenso como se o mundo tivesse acabando?

Já se decepcionou profundamente?

Já viveu um sonho impossível?

Já tornou esse sonho realidade?

Já sorriu com o olhar, com os lábios, com mãos e com o corpo todo?

(…)

Viver intensamente pode parecer perigoso para os mais céticos

Mas a vida é muito curta para ser pequena

Nada como vivenciar a riqueza de tantos sabores e significados…

E hoje?

Aprendi que questionamentos, dúvidas e receios são inevitáveis

Mas eles não podem guiar ou impedir nossas escolhas

Aprendi que viver um dia, uma etapa de cada vez é sempre a melhor opção

(…)

A vida não é um cálculo objetivo

Por algum motivo fora do meu alcance quis estar perto de você

Apesar de tantas e tantas as circunstâncias contrárias

Apesar de, em muitos momentos, ter brigado comigo mesma

(…)

Muitas perguntas nos fazemos e poucas podemos responder

A única certeza que temos é que vamos nos permitir finalmente viver nosso sentimento guardado

E, sim, se o mundo acabar amanhã, estarei feliz por tudo ter valido a pena

(…)

Percebi que, diante de tantas respontas incertas, precisamos mudar as perguntas

Hoje posso te receber com um sorriso no rosto, um beijo doce nos lábios e um abraço sincero

Com gotinhas de alegria e entusiasmo

(…)

A pergunta que te faço não é sobre o amanhã

A pergunta que te faço e te digo para fazer de novo, sempre quando sentires minha falta, é outra:

“E hoje?”

(…)

A vida fica mais leve e com cores fortes

Mas nem por isso menos intensas ou verdadeiras

Um café comigo mesma

Olhar pra dentro?

Olhar pra fora?

Encontro comigo

Re(des)encontro comigo

Os dois “eus” em conexão

Os vários “eus” em desconexão

 

Coragem, medos

Dores, prantos

Prazer, descobertas

Tato, perfume

Fatos, angústias

 

A respiração é profunda

O sentimento também

A chuva intensa me acalma

Plenitude no olhar

Ansiedade no tic-tac do coração

 

A vida pode ter gosto de capuccino

desde que eu aprenda a saboreá-la

no ritmo do tempo