Candidatos e eleitores com deficiência

Nenhum deputado atualmente com deficiência na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Apenas um vereador com deficiência na Câmara Municipal de Porto Alegre. Nessas eleições, segundo o Coepede (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência), são sete candidatos com deficiência a vereador da Capital, de um total de 591.

Entre os eleitores, cerca de onze mil em todo Estado declararam ao TRE ter alguma deficiência ou dificuldade de exercício do voto (embora o número de pessoas com deficiência no RS seja muito superior)..

O artigo 29, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, que o Brasil é signatário, prevê acesso pleno ao processo eleitoral às pessoas com deficiência. Mas será que as pessoas com deficiência têm representatividade nos órgãos públicos e na política brasileira? E, mais do que isso: será que estão participando efetivamente do processo eleitoral, seja como candidatos ou como eleitores?

Participar do pleito não significa apenas votar, ter uma urna adaptada, uma rampa de acesso ou sinalização em braile e fontes ampliadas. É ter voz como cidadão independentemente da deficiência. É ser protagonista da vida política de uma cidade, de um país. É ter o seu direito garantido no acesso à cultura, à informação, ao conhecimento e a oportunidades iguais. Profissionais com deficiência vem ganhando, ainda sem as condições adequadas, espaço na política, no mercado de trabalho, nas universidades e nas demais esferas sociais./

A publicidade eleitoral

Ainda não há uma consciência generalizada de todos os candidatos na comunicação efetiva com os eleitores.

Quantos candidatos estiveram preocupados com a acessibilidade em suas campanhas? Quantos utilizaram, em sua publicidade, Libras, audiodescrição, legendas, folhetos em braile e fontes ampliadas?

Eu, que tenho baixa visão, não me sinto contemplada ao receber um folder na rua com fonte tamanho 10. sem nenhuma adaptação para mim. Ou ainda, ao entrar em um site mal projetado para pessoas com deficiência visual.

Se já desconsideram esse público durante a campanha, imagina depois durante o mandato caso sejam eleitos.

Relato de experiência: 6ª Primavera dos Museus em Salvador/BA

Nos dias 25 e 26 de setembro estive participando da 6ª Primavera dos Museus, em Salvador/BA, cujo tema central foi “A Função Social dos Museus”. O evento, promovido pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e pelo Ministério da Cultura, ocorreu em diversas cidades brasileiras. Fui convidada para apresentar o documentário “Olhares”, dirigido por mim e por Felipe Mianes. O filme trata do aesso à cultura por pessoas com deficiência visual, tanto pessoas cegas quanto com baixa visão.

A apresentação, seguida por um debate com a plateia, ocorreu no Solar Ferrão, centro cultural localizado no Pelourinho. A diversidade da plateia foi o que mais me chamou atenção: desde profissionais já inseridos na questão da acessibilidade – museólogos, arquitetos, professores, historiadores – até alunos de escolas públicas da região e a comunidade em geral. Eis uma apresentação emocionante e, ao mesmo tempo, desafiante, pois tivemos a oportunidade de dialogar sobre acessibilidade cultural com uma plateia bastante heterogênea.

Além de apresentarmos o filme e realizar um debate com a plateia, participamos de outras atividades dentro da vasta programação do evento, como o Fórum de Acessibilidade em Museus. Lá, pude prestigiar o primeiro congestionamento da minha vida entre cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida, deficientes visuais e as demais pessoas para entrar e sair do auditório. Algo incrível e ainda raro em eventos, mesmo com essa temática.

Nessa atividade foram apresentadas soluções práticas para tornar os museus acessíveis a pessoas com diferentes deficiências. Um grupo de jovens com deficiência intelectual da APAE de Salvador falou sobre como é possível, sim, eles frequentarem museus, adquirindo conhecimento através da experiência.

Monitores treinados, que falem devagar, repitam informações relevantes quando necessário e façam associações com o dia a dia dos visitantes podem auxiliar muito na compreensão desse público. Os jovens da APAE sugeriram ainda que os cartazes e legendas explicativos sobre uma obra ou artista tenham frases curtas, textos objetivos e com fonte grande, pois tudo isso facilita sua leitura e compreensão.

Outra coisa que esses jovens com deficiência intelectual ressaltaram bastante é que muitas pessoas têm receio de conversar com eles, de se aproximar, de conversar. Alguns se dirigem a eles de forma infantilizada. Como qualquer ser humano, eles pedem tratamento com respeito, com educação e de forma adulta.

Visitando museus em Salvador

Salvador é uma cidade com uma história cultural riquíssim. São mais de trinta museus na capital baiana. Tive a oportunidade de conhecer o Museu de Arte Moderna da Bahia, que está com a exposição sobre a vida e obra de Jorge Amado. Uma exposição muito rica e que, na primeira quinzena de outubro, contará com visitas guiadas com audiodescrição – recurso que permite o acesso a todo o conteúdo visual do espaço a pessoas com deficiência visual.

A audiodescrição no MAM é realizada pelo grupo Tramad, coordenado pela professora Eliana Franco, com quem pude conversar bastante, da Universidade Federal da Bahia. Uma pessoa incrível, grande profissional da audiodescrição no país.

Outro espaço que me chamou bastante atenção foi o Museu Udo Knoff, localizado no pelourinho. Udo Knoff foi um ceramista alemão, que veio ao brasil durante a Segunda Guerra Mundial. Lá diversos azulejos, peças em cerâmica e esculturas do artista encontram-se expostos. O local conta com piso tátil, cartazes em braille e fonte ampliada, além de oportunizar que pessoas com deficiência visual toquem as obras.

O próprio Udo Knoff desenvolveu no Brasil diversas oficinas de arte para pessoas com deficiência visual. Esses dois museus são exemplos interessantíssimos de como é possível tornar esses espaços acessíveis a todos os públicos.

Revista da Extensão da UFRGS sai em áudio com audiodescrição

Tagarelas Produções e Radioativa Produtora assinam a versão que será lançada dia 3 de outubro, no Campus Centro da Universidade, em Porto Alegre/RS

A Tagarelas Produções e a Radioativa Produtra, ambas de Porto Alegre/RS, assinam a versão em áudio com audiodescrição da quarta edição da Revista da Extensão, publicação da Pró-Reitoria de Extensão (PROREXT) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) voltada para o diálogo e a reflexão sobre a extensão universitária brasileira.

Segundo a PROREXT, a partir dessa, as próximas edições da Revista também sairão em áudio com audiodescrição. O arquivo de áudio em breve estará disponível para download no site http://www.ufrgs.br/prorext/ .

As 80 páginas de texto com 30 ilustrações, bem como a descrição do projeto gráfico, foram integralmente vertidas para informação sonora.

Confira a ficha técnica da produção da versão em áudio com audiodescrição da quarta edição da Revista da Extensão:

Produção: Tagarelas Produções e Radioativa Produtora
Roteiro de audiodescrição: Kemi Oshiro e Mimi Aragón
Revisão: Felipe Mianes e Mariana Baierle
Narração: Lívia Dávalos
Ledores: Cleber Menezes e Kemi Oshiro
Gravação, montagem e finalização: Fabio Lentino
Arte das cópias: UFRGS – Eduardo Cardoso e Ricardo Fredes da Silveira

O lançamento do quarto volume da Revista da Extensão está marcado para o dia 3 de outubro, quarta-feira, às 16h, no espaço da Mostra Interativa (localizado no pátio do Campus Centro) do 13º Salão de Extensão da UFRGS.

(descrição do convite de lançamento)
O convite é retangular e composto por duas faixas horizontais de cores e alturas diferentes: a de cima é branca e ligeiramente menor que a de baixo, vermelha.
Na faixa de cima, em azul-marinho, à esquerda, a inscrição Salão UFRGS 2012 e, à direita, décimo terceiro Salão de Extensão. Um logotipo está junto à inscrição da esquerda:
Ele mostra uma geodésica, forma geométrica que lembra o globo terrestre, constituída por dezenas de triângulos coloridos. O desenho está contornado por uma linha verde irregular que se parece com um ramo de folhas. Outra linha, composta por traços azuis, sai do contorno verde, envolvendo-o e expandindo-se em uma espiral que termina com as palavras FORMAÇÃO, CONHECIMENTO e INOVAÇÃO, cada uma colorida em degradê do vermelho ao verde.
Abaixo, na faixa vermelha, em letras brancas centralizadas, o seguinte texto:
Convite.
Revista da Extensão.
Convidamos para o lançamento do número 4 da Revista da Extensão, publicação da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS voltada para o diálogo e a reflexão sobre a extensão universitária brasileira. A partir dessa edição a Revista da Extensão terá também uma versão com audiodescrição.
O lançamento acontecerá no dia 03 de outubro de 2012, às 16h, no espaço da Mostra Interativa (localizado no pátio do Campus Centro) do
décimo terceiro Salão de Extensão. Venha confraternizar conosco!!
Sandra de Deus.
Pró-reitora de Extensão – UFRGS.
(fim da descrição)

Consultoria em Audiodescrição é tema de relato em revista acadêmica

O relato de experiência “De Espectador a Protagonista: A Pessoa Com Deficiência Visual Como Consultora em Audiodescrição”, de autoria de Mariana Baierle e Felipe Mianes, está publicado na RBTV (Revista Brasileira de Tradução Visual) – volume 12 (2012).

Acesso pelo link:

http://www.rbtv.associadosdainclusao.com.br/index.php/principal/article/view/154/258

Por Mariana Soares