DOCUMENTÁRIO “OLHARES” ESTREIA DIA 16

LINK PARA ESCUTAR ESSA MATÉRIA: http://www.youtube.com/watch?v=-FN5nP3K2_E&feature=youtube_gdata

É com imensa alegria que comunico a todos que no próximo dia 16 de maio (quarta-feira) acontece a primeira exibição do documentário OLHARES, dentro da programação do II Seminário Nacional de Acessibilidade da UFRGS (inscrições e programação completa: http://acessibilidadecultural.wordpress.com).
A exibição do filme será seguida por um debate coordenado pelos diretores (Mariana Baierle e Felipe Mianes). Ah, e como não poderia deixar de ser, “Olhares” conta com audiodescrição!

Descrição:

Sobre a imagem, o título “Olhares” em destaque, centralizado e em letras amarelas. Visto de cima e levemente desfocado, um piso de pedras portuguesas claras com rejunte escuro. À esquerda, uma bengala branca corta a imagem de cima a baixo. No centro, um pé com tênis preto e parte da perna de uma pessoa de calça jeans azul.

FICHA TÉCNICA
Título: Olhares
Ano: 2012
Direção: Felipe Leão Mianes (historiador e doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle Soares (jornalista e mestre em Letras pela UFRGS). Ambos com deficiência visual, são pesquisadores na área da produção cultural e prestam consultoria sobre acessibilidade e audiodescrição
Gênero: documentário
Sinopse: Documentário sobre o acesso à cultura por pessoas com deficiência visual. Indivíduos cegos e com baixa visão trazem diferentes olhares sobre suas próprias experiências de vida, debatendo os problemas e as potencialidades de sua inclusão cultural por meio de recursos como a audiodescrição. Relatos que nos desafiam a refletir: É apenas de inclusão que precisamos? O que seria realmente a inclusão?

EXIBIÇÃO
Data: 16 de maio (quarta-feira), dentro da programação do II Seminário Nacional de Acessibilidade da UFRGS
Local: Auditório da Faculdade de Arquitetura da UFRGS (Rua Sarmento Leito, 320 – Centro – Porto Alegre)
Horário: das 16h às 18h

Literatura infantil acessível

Recebi a obra Sonhos do Dia, de Claudia Verneck, de presente da minha amiga Marcia Caspary. Apesar da demora para lê-lo, agora que o fiz estou radiante. A obra conta a história de uma menina que tem muitos sonhos durante a noite enquanto dorme, mas não consegue trazê-los para a realidade do dia, quando está acordada. É um convite à imaginação, à criatividade e à liberdade de sonhar, própria das crianças.

Minhas mãos percorrem as páginas lisas, de papel couchê e boa gramatura do livro. Um volume bem apresentado, extremamente colorido, com ilustrações que ocupam a totalidade das páginas e texto sobreposto aos desenhos. São muitas imagens e detalhes essenciais para a compreensão da história.

Se não fosse o CD ou o DVD com a audiodescrição, seria uma obra totalmente inacessível para crianças cegas e com baixa visão. Escutei a audiodescrição, na interpretação de Marcia Caspary e estou encantada. O roteiro é dela, da Leticia Schwartz e Mimi Aragon.

Por alguns instantes retornei à minha infância. Assim como a personagem do livro, eu também tinha muitos sonhos durante a noite e queria que fossem verdade durante o dia. Os dias às vezes eram bastante difíceis.

Eu gostava muito de ler, mas nem todos os livros não eram acessíveis para mim. As letras eram pequenas e apagadas. A poluição das cores misturadas e desenhos sobrepostos atrapalhavam ou impediam minha leitura.

Na história, a menina descobre que os sonhos da noite são possíveis também durante o dia.

A audiodescrição desse livro (e de tantos outros) é, para mim, um sonho da noite – agora possível durante o dia ou a qualquer momento da vida. É fantástico ver que a literatura infantil também está se tornando acessível, trazendo mais cores e emoções a tantas crianças que enxergam o mundo através de seus outros sentidos.

Parabéns a todos que estão ajudando a transformar a literatura infantil e a cultura de modo geral em uma realidade possível, viável e, acima de tudo, emocionante dentro da realidade de tanta gente que vibra, ri, chora e se diverte com a audiodescrição!

Deficientes não consomem McDonalds?

No último final de semana eu e minha irmã viajamos para Buenos Aires. Compramos uma promoção num desses sites de compras coletivas e “simbora!!!”. Ficamos hospedadas no Hostel Colonial, onde fomos muito bem recebidas (recomendo!). O hostel fica bem no centro da cidade, próximo da Avenida Florida, da Galeria Pacifico e do Porto Madero. Nada mal!

Fui tratada muito bem em todos os lugares que visitamos, inclusive nos bares, cafés e restaurantes. A exceção ocorreu no último dia de viagem, quando resolvemos passear pela região dos outlets (para fazer umas comprinhas básicas e aproveitar as promoções, ehehehe). Depois de muito andar e olhar lojas, resolvemos parar no McDonalds para almoçar (quase três da tarde, com muita fome).

Até ai, tudo bem. Nunca fui a maior fã do McDonalds, mas, considerando que não queríamos gastar muito dinheiro nem parar por muito tempo (pois tínhamos que pegar o voo de volta para Porto Alegre depois), era a melhor opção.

Entrando lá, uma funcionária interpelou minha irmã e nossa amiga Cristina (uma pessoa bem querida que conhecemos no hostel) perguntando se elas queriam participar de uma pesquisa. Eles estavam pedindo a opinião dos clientes sobre dois novos sanduíches que seriam lançados. Seria preciso provar dois sanduíches, avaliá-los e escolher o melhor. Os participantes ganhariam o sanduíche escolhido de graça, junto com as batatas fritas e um refrigerante.

Elas disseram que estavam comigo (que aguardava na mesa, cuidando das sacolas pesadas com as nossas comprinhas!) e perguntaram se eu poderia participar também (para que fossemos todas juntas). A funcionária disse que sim, que não havia problema.

Então elas me chamaram e explicaram a proposta da pesquisa. Na hora aceitei participar. E ficamos rindo da situação. Afinal, éramos turistas muito econômicas – que viajam com cupom promocional da Internet, comem no McDonalds para economizar e, ainda por cima, iríamos ganhar o lanche de graça” hehehehe.

Até ai tudo bem. É… Se não fosse o que aconteceu em seguida. Esperamos uns 15 minutos numa fila para participar da tal pesquisa, pois so entravam quatro pessoas de cada vez na salinha para “provar” os dois sanduíches. Esperamos todo esse tempo na fila e, quando finalmente entramos na sala e eu já estava inclusive sentada na mesinha para provar os sanduíches, recebi a “brilhante” informação de que eu não poderia participar porque tinha deficiência visual.
Alegaram que era preciso avaliar os aspectos visuais do sanduíche e da embalagem. Dá para acreditar que não pude participar?

Tiraram então nós três da sala (eu, minha irmã e a Cris). Elas duas porque eram estrangeiras. Eu porque tinha baixa visão e era estrangeira. Que elas eram estrangeiras a funcionária já deveria ter notado quando falou com elas antes. Achei muito estranha essa desculpa. De qualquer forma, fiquei ofendida com o fato de que a deficiência visual era um impeditivo para participar daquela pesquisa de opinião sobre dois sanduíches.

Dá pra acreditar? Eu mesma ainda não acredito!

Eu não poderia participar de uma pesquisa de opinião como consumidora de sanduíches do McDonalds porque tinha deficiência visual? Teria que provar dois sanduíches e escolher o melhor. A minha deficiência não é gustativa, é visual apenas.

Entendo que eles estejam preocupados com a “estética” e aparência do produto, a caixinha, as cores etc. Mas as pessoas não entendem que, mesmo as pessoas cegas e com baixa visão, reparam na aparência das coisas e julgam os produtos que consomem sob sua própria ótica. Ou agora só porque o produto será vendido para um cego deve ser feio e mal apresentado?.

Alias, para avaliar o gosto, o cheiro e a apresentação de um sanduíche e de sua caixinha, acho que eu poderia avaliar tão bem quanto (se não até melhor) uma pessoa que enxergue normalmente.

Lembrei de todas as vezes que já comprei McDonalds desde a minha infância (quando comia aquele McLanche Feliz, que vinha com um brinquedo) até hoje. Quanto dinheiro já gastei com isso? Muito!!! E o que ganho em troca? NADA. Na hora de ser ouvida e considerada como cliente e consumidora sou ignorada.

Tudo bem que o enfoque na pesquisa não sejam as pessoas com deficiência visual, mas esse público faz parte dos consumidores que comem sanduíches e gastam dinheiro com isso (Ou agora vão me dizer que os cegos não comem? Não se alimentam com porcarias do McDonalds como qualquer pessoa?).

Como uma parcela importante da população as pessoas com deficiência precisam ser ouvidas – e se fazer escutar – como consumidoras. Lamentável esse acontecimento. Mas nunca esperei muita coisa do McDonalds em termos de qualidade.

Gostaria que os marketeiros desse estabelecimento reavaliassem suas estratégias preconceituosas de pesquisa de mercado e de propaganda. Tenho certeza que se todos os deficientes (mais de 20% da população) resolvessem fazer um boicote aos seus produtos eles iriam sentir o baque.

Estou falando de uma parcela bem representativa da população. Se não sou considerada como cliente, porque frequentar esse estabelecimento? Vou procurar outros locais em que a minha opinião seja valorizada.

Esse foi um percalço lastimável no final de minha viagem, mas o passeio em si em Buenos Aires foi fantástico. E é isso que importa. Se eu não comer mais MdDonalds durante toda minha vida minha saúde agradece. E estarei preparada para fazer mais e mais viagens, tendo uma saúde melhor e sempre uma bela disposição.

Que venham as próximas viagens! Qual será o próximo destino? Só espero não me deparar com novas pesquisas que eu não possa participar…

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Por Mariana Soares