Arquivo da categoria: Produção própria

Audiodescrição: mercado que se amplia e exige profissionais qualificados

A ampliação dos recursos de acessibilidade para pessoas com deficiência exige uma readequação do mercado, com profissionais preparados para planejar e executar produtos culturais acessíveis a todos. A demanda por audiodescrição – recurso que permite o acesso à cultura por pessoas cegas e com baixa visão – vem crescendo em ritmo acelerado nos últimos anos.

Novas legislações vem determinando a ampliação da oferta de serviços de audiodescrição. Na televisão aberta são obrigatórias duas horas semanais de programação audiodescrita, aumentando gradativamente até 20 horas semanais em dez anos.

“A tendência é que novas normalizações tornem a acessibilidade um recurso obrigatório em cinemas e teatros. Nesse novo cenário, é absolutamente necessário formar profissionais que venham a suprir a demanda”, sustenta a audiodescritora Letícia Schwartz, sócia da Mil Palavras Acessibilidade Cultural.

A audiodescrição contempla um amplo espectro de possibilidades, como cinema, TV, teatro, DVD, exposições, shows, Internet, histórias em quadrinhos, desfiles de moda, roteiros turísticos, competições esportivas, entre outros. Existe uma ampla gama de pessoas com deficiência visual, que buscam interação social, lazer, entretenimento, acesso ao conhecimento e às emoções provocadas pela arte. Conforme o Censo 2010, são 35,8 milhões de brasileiros com diferentes graus de deficiência visual.

Em 2011 o curso de Audiodescrição em Ambientes Culturais, ministrado por Letícia Schwartz, capacitou uma turma de audiodescritores em Porto Alegre. Marcelo Cavalcanti da Silveira já aplica seus conhecimentos adquiridos no curso em seu trabalho. Ele é jornalista e atua no Planetário da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O local recebe escolas e a comunidade em geral para visitas guiadas e a exibição de programas audiovisuais.

Marcelo desenvolve atualmente a audiodescrição do programa “O Caminho das Estrelas”. Segundo ele, há uma demanda dos visitantes por audiodescrição, mas ainda é preciso divulgar e explorar mais as possibilidades do recurso.

No dia 14 de abril inicia o Curso de Audiodescrição – Palavras Que Valem Por Mil Imagens, que está com inscrições abertas. A carga horária é de 48 horas. As atividades ocorrem no Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo (Rua dos Andradas, 1223 – Porto Alegre), sempre aos sábados pela manhã. Vagas limitadas. Mais informações: www.milpalavras.net.br ou (51) 3226-7974.

A demanda por profissionais com deficiência visual

Dentro do curso oferecido pela Mil Palavras Acessibilidade Cultural os alunos terão a oportunidade de desenvolverem-se como audiodescritores-roteiristas, audiodescritores-narradores ou consultores em audiodescrição. Essa última função é específica para pessoas cegas ou com baixa visão, que avaliam as descrições e sugerem alternativas para sua melhor compreensão.

A consultoria feita por uma pessoa com deficiência visual é essencial para a qualidade de qualquer trabalho. Requer senso crítico, sensibilidade e objetividade para o uso adequado de termos, além de um bom nível de conhecimentos gerais e familiaridade com os temas abordados.

Marilena Assis, pedagoga e especialista na área de deficiência visual, é uma das palestrantes do curso e consultora em audiodescrição. Segundo ela, o trabalho de consultor consiste em ouvir várias vezes o produto audiodescrito, apontar melhorias quanto ao vocabulário, ao tom e ao volume da voz do audiodescritor. “É importante avaliar também se as informações transmitidas são suficientes para o entendimento, se o produto apresentado não se tornou cansativo e se permitiu a compreensão da mensagem de forma objetiva”, afirma ela.

Inscrições abertas para curso de audiodescrição

Estão abertas as inscrições para o Curso de Audiodescrição – Palavras Que Valem Por Mil Imagens, desenvolvido pela Mil Palavras Acessibilidade Cultural, em parceria com o Centro Cultural CEEE Erico Veríssimo (Rua dos Andradas, 1223 – Porto Alegre). Os alunos serão capacitados para trabalhar com audiodescrição, recurso que torna produtos e espaços culturais acessíveis a pessoas cegas ou com baixa visão.

O curso conta com uma série de atividades práticas e apresentação de trabalhos para o público com deficiência. Os alunos poderão desenvolver-se como audiodescritores-roteiristas, narradores ou consultores (função específica para pessoas cegas ou com baixa visão, que avaliam as descrições e sugerem alternativas para sua melhor compreensão).

O curso destina-se a profissionais e estudantes – com ou sem deficiência visual – das áreas de educação, comunicação, letras, artes, produção cultural e demais interessados. As atividades, ministradas pela audiodescritora Letícia Schwatz, iniciam no dia 14 de abril, com carga horária de 48 horas, sempre aos sábados pela manhã. Vagas limitadas.

Informações e inscrições: (51) 3226-7974 ou http://www.milpalavras.net.br

Livros e revistas acessíveis

O acesso à informação por pessoas com deficiência visual está se ampliando cada vez mais. Há uma gama cada vez maior de livros e revistas em áudio ou em arquivo digital, que permitem a leitura no computador com o uso do leitor de tela ou em fontes ampliadas.

Existe ainda a possibilidade de você escutar seus livros e arquivos favoritos em um aparelho de mp3 ou celular. Não temos desculpa para não aproveitar toda essa oferta de conteúdo. Confiram abaixo alguns links que podem facilitar a sua busca por material acessível.

http://nossacultura.com.br/loja/

A Editora Nossa Cultura oferece diversos livros em áudio. São livros de ficção, humor, educação, biografias, finanças, jurídico, literatura, poesia, turismo, variedades. Você pode comprar o CD pelo site ou o arquivo para download.

http://www.iba.com.br

O Iba oferece jornais, livros e revistas para você comprar e baixar no computador. Estão disponíveis os principais jornais e revistas do país.

Eu particularmente ainda não comprei nada nesse site e tenho interesse em saber como é a acessibilidade do conteúdo. Quem comprar algo nesse site, por favor mande seu relato sobre como é a acessibilidade do conteúdo!

http://www.fundacaodorina.org.br/

A Fundação Dorina Nowill Para Cegos, com sede em São Paulo, oferece uma vasta coleção de livros em braille, CD, MP3 e formato Daisy. São livros de literatura brasileira e estrangeira, didáticos e material técnico. Todos eles são enviados gratuitamente pelos correios a usuários de qualquer lugar do país cadastrado a Biblioteca Circulante da instituição.

Já escutei diversos livros enviados pela Fundação. Um trabalho magnífico de promoção da cultura e do conhecimento por deficientes visuais. O usuário recebe os livros pelos Correios, fica com eles por um período determinado e depois os devolve pelos Correios sem pagar nada pela remessa, utilizando o sistema de Cecograma – serviço gratuito para envio de material em Braille ou em áudio de uso de deficientes visuais. Assim que você devolve o material, a Biblioteca encaminha os próximos livros que você solicitou, enviando sempre três livros por vez. Serviço totalmente gratuito.

Mais informações pelo email: biblioteca@fundacaodorina.org.br

Veja Falada

A Fundação Dorina Nowill disponibiliza ainda a revista Veja, da editora Abril, e a Revista Dorina em áudio, semanalmente. O conteúdo da revista Veja é lido integralmente e gravado em CD, no formato de MP3.

A Revista Dorina é produzida pelo própria Fundação e é enviada juntamente com a Veja Falada, trazendo informações sobre a instituição, informações, dicas e curiosidades de interesse do público com deficiência.

Eu escuto toda semana a Veja Falada. É um serviço fantástico. Ao invés de ficar tentando ler a revista impressa com uma lupa (de forma muito mais trabalhosa e cansativa) escuto no computador ou no Ipod as reportagens da revista. E o mais incrível ainda é que a revista em áudio chega na minha casa com menos de uma semana de atraso em relação à revista nas bancas.

Esse serviço tem o custo de R$10 mensais. Um valor simbólico, visto que são quatro revistas Veja mensais em áudio.

Mais informações pelo email: biblioteca@fundacaodorina.org.br

http://www.audioteca.org.br/catalogo.htm

A Audioteca Sal e Luz, com sede no Rio de Janeiro, também disponibiliza uma vasta coleção de livros em áudio para deficientes visuais e os envia gratuitamente pelos Correios para usuários de qualquer lugar do país. Confira a relação completa dos livros no site!

PARTICIPE!

Se você conhece outros sites ou instituições que oferecem conteúdo acessível escreva para o Três Gotinhas! Manda também seu depoimento sobre seus livros favoritos e experiências de leitura, dando as dicas para outros leitores!

Emails: mariana.baierle@uol.com.br ou tresgotinhas@gmail.com

Aventura no caixa eletrônico

Essa semana consegui usar o caixa eletrônico pela primeira vez sem precisar da ajuda de ninguém através do sistema de áudio. Sempre que precisava sacar dinheiro, dava o cartão para algum familiar tirar para mim ou entrava na agência do banco e retirava o dinheiro com um funcionário. Situação muito trabalhosa e incomoda, pois eu dependia do horário de funcionamento do banco (que, aliás, já é super reduzido) e ainda tinha que me dirigir até uma agência.

Quando fiz minha conta no Banco do Brasil dois anos atrás para receber a bolsa do mestrado os funcionários não souberam me explicar como eu fazia para usar o caixa eletrônico. Eu acabei então me acostumando – infelizmente – ao fato de ter sempre que entrar na agência na agência e retirar dinheiro no caixa com um funcionário.

Agora, cansada com essa situação e com o incentivo dos amigos Felipe Mianes e Fabiana Guedes, voltei à agência e pedi que resolvessem a questão. Fui enfática e expliquei o quanto era estressante ter que sempre entrar na agência e não poder retirar dinheiro em qualquer lugar que possuía um caixa, mas depender de da existência de uma agência e de seu horário de funcionamento.

Novamente os funcionários não sabiam como proceder para que eu pudesse usar o caixa eletrônico com os fones de ouvido. Fiquei cerca de uma hora no banco esperando enquanto os funcionários tentavam descobrir como me ajudar. Dessa vez eles estavam com mais boa vontade e disposição, mas ainda assim não sabiam como solucionar a questão.

Não tinham nenhum outro cliente com deficiência visual naquela agência, ou seja, nunca tinham realizado aquele procedimento. Ligaram para outras agências e instâncias superiores, até que fizeram uma conferência com os gerentes de Brasília. E nada de alguém saber como fazer a liberação para eu usar o caixa eletrônico.

No fim das contas, quando finalmente conseguiram me cadastrar como deficiente visual, disseram que o sistema demoraria 24 horas para reconhecer essa característica e autorizar o uso do caixa com os fones. Acabei tendo que retornar outro dia à agência para finalizar o processo.

Apesar do transtorno, posso dizer que valeu a pena o esforço. Foi uma experiência fantástica. Ao inserir os fones no caixa, a máquina começa a dar todas as opções de saldo da conta corrente, saldo da poupança, transferência, pagamentos, aplicações, saque, enfim, todas as operações que podem ser realizadas normalmente num caixa eletrônico. É preciso digitar apenas no teclado numérico a senha do cartão e os dígitos correspondentes aos comandos desejados.

Para segurança do usuário, a tela fica escura para que outras pessoas em volta não fiquem olhando suas operações. É preciso lembrar de sempre carregar o próprio fone na bolsa, pois os bancos não os disponibilizam.

Foi fantástica a experiência. Para quem sempre se incomodou com os bancos e a falta de acessibilidade nesses locais, isso representa um grande avanço na minha vida enquanto cliente. Me senti muito feliz e realizada.

Retirei dez reais apenas para testar e, de fato, deu certo. Foram os dez reais mais emocionantes e satisfatórios de toda minha vida. Não terei mais que entrar na agência, depender de horário do banco ou de outras pessoas para retirarem dinheiro e outras operações. A autonomia e a liberdade nas pequenas coisas do dia a dia têm um sabor especial.

Só gostaria que nas próximas vezes eu tenha mais saldo para retirar mais dinheiro…