Espetáculo de dança contemporânea na Biblioteca Pública do RS terá audiodescrição da Tagarellas Produções no dia 10 de novembro

Com entrada franca, Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas – Sensações de Clarice Lispector estará acessível a pessoas com deficiência visual em Porto Alegre

Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas – Sensações de Clarice Lispector, espetáculo do GEDA Companhia de Dança Contemporânea, terá uma de suas sessões acessível a quem tem deficiência visual. Será no próximo sábado, dia 10, a partir das 17h, na Biblioteca Pública do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 – na esquina da Rua General Câmara, atrás do Palácio da Justiça), em Porto Alegre. A produção da audiodescrição é assinada pela Tagarellas Produções, com roteiro de Mimi Aragón, consultoria de Felipe Mianes e Mariana Baierle e narração de Marcia Caspary. O espetáculo tem entrada franca, mas a lotação máxima é de 40 pessoas. As senhas devem ser retiradas no dia da apresentação, na própria Biblioteca, a partir das 16h. A audiodescrição, que incluirá um breve relato da coreógrafa Maria Waleska Van Helden, inicia-se às 17h20 e o espetáculo, às 18h.

Concebido por Maria Waleska e dirigido cenicamente por João de Ricardo, o espetáculo de 45 minutos, distribuídos em três atos, percorrerá seis ambientes da Biblioteca Pública, cujo prédio está sendo restaurado desde 2006 e foi parcialmente reaberto ao público no final de outubro. As pessoas cegas ou com baixa visão acompanharão a ação com a ajuda de guias e poderão conhecer detalhes sobre os cenários, figurinos, iluminação, movimentos, gestos, expressões, projeções e tudo o que for relevante para a compreensão da narrativa coreográfica. Um equipamento portátil de transmissão e recepção de áudio dará à narradora da audiodescrição e ao público a mobilidade necessária nas dependências da Biblioteca.

Os três atos de Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas – Sensações de Clarice Lispector (Nascimento, Infância e Compulsão) foram inspirados na vida da escritora nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira, que morreu em 1977, tempos depois de conceder entrevista histórica à TV Cultura (http://youtu.be/djj_gdxUrPI”), uma das referências utilizadas por Maria Waleska na concepção da coreografia. A bailarina solista que dá vida à Clarice é Fabiane Severo. Catarina Leite Domenici assina a trilha sonora ao lado de James Correa e participa do espetáculo com piano e voz.

. Não Me Toque Estou Cheia de Lágrimas – Sensações de Clarice Lispector.
. Sessão com audiodescrição no dia 10 de novembro, sábado.
. Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Rua Riachuelo, 1190 – na esquina da Rua General Câmara, atrás do Palácio da Justiça).
. Início da audiodescrição às 17h20. Espetáculo começa às 18h.
. Entrada franca.
. 40 lugares.
. Senhas distribuídas no local, no dia da apresentação, a partir das 16h.
. Produção do espetáculo: GEDA Companhia de Dança Contemporânea.
. Produção da audiodescrição: Tagarellas Produções.
. Informações sobre a audiodescrição: tagarellasproducoes@gmail.com | (51) 8118.9814 e (51) 8451.2115.

(descrição do cartaz digital)
O cartaz do espetáculo é vertical. O texto, em vermelho e branco, foi aplicado sobre uma fotografia colorida. Nela, à esquerda, uma mão feminina de lado segura, entre o indicador e o dedo médio, um cigarro aceso. A palma está apoiada na folha de madeira crua de uma janela ou porta entreaberta. Uma luz suave sobre os dedos destaca a fumaça esbranquiçada do cigarro. Ao fundo, desfocada, uma superfície decorada com arabescos. A cremona da janela ou porta é dourada e tem desenhos rebuscados. À direita, por trás da vidraça esverdeada e com relevo floral, insinua-se a tênue silhueta da mulher que fuma. De frente, ela comprime levemente os dedos da outra mão contra a vidraça. O texto do cartaz está em caracteres como os das máquinas de escrever. Em um rodapé branco, logo abaixo da foto, as logomarcas dos patrocinadores, apoiadores e realizadores.

Ministério da Cultura e Triunfo Concepa apresentam…
Não me toque estou cheia de lágrimas. Sensações de Clarice Lispector.
Data: de 03 a 11 de novembro de 2012.
Local: Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul. Rua Riachuelo, 1190 – Centro – Porto Alegre.
Horário: 20h.
Nos dias 04, 10 e 11 de novembro, sessões duplas às 18h e às 20h.
No dia 10, às 18h, sessão para deficientes visuais com audiodescrição.
Entrada Franca. Senhas no local com 2 horas de antecedência.
Patrocínio: Lei de Incentivo à Cultura e Triunfo Concepa.
Apoio: Avante Filmes, Severo Roth – Desde 1963 e BPE – Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.
Realização: Secretaria da Cultura – Rio Grande do Sul – Governo do Estado, Ministério da Cultura, Brasil – Governo Federal – País Rico é País Sem Pobreza.
(fim da descrição)

A primeira turma e gente nunca esquece…

O curso de extensão “Educação, Cultura e Acessibilidade” (da Faculdade de Educação da UFRGS) que eu e Felipe Mianes estamos ministrando (juntamente com outros professores convidados) está me trazendo uma enorme satisfação e orgulho dos nossos alunos.

Na última terça-feira demos a sétima aula de um total de 12. Fico feliz com os resultados alcançados até agora. E, ao mesmo tempo, com o coração na mão por saber que já passamos da metade do curso. Pois quando uma experiência é boa, sempre queremos dar prosseguimento e queremos que ela se prolongue bastante.

Desde que o curso começou as terças-feiras tornaram-se dias alegres e desafiadores para mim. Apesar das chuvas constantes nas terças-feiras à noite e dos percalços com os equipamentos que não funcionam na Ufrgs, me sinto entusiasmada e motivada para dar aula, encontrar os alunos, trocar experiências e aprender com eles – mesmo após um dia longo com outro trabalho e muitos afazeres.

Antes do curso começar não sabia o que esperar dos alunos, que perfil teriam, se seriam interessados, participativos… Hoje posso dizer que fomos contemplada com uma turma muito especial – de pessoas empenhadas e ávidas por conhecimento.

É a minha primeira experiência como coordenadora de um curso de extensão e como docente da mesma turma ao longo de todo o semestre. Eu já tinha experiência em sala de aula e em seminários, mas não era a mesma situação. Pois sempre dei aula em turmas específicas, aulas sobre uma temática ou outra – sem uma continuidade e uma responsabilidade como estamos tendo agora.É algo prazeroso e instigante planejar um semestre de aula, cronograma e estrutura do curso, pensar no perfil da turma, nas demandas, no crescimento dos alunos…

Nessa última aula – que contamos com a participação preciosa das amigas e audiodescritoras Marcia Caspary e Mimi Aragon – fiquei realmente emocionada. Para mim a audiodescrição é algo muito sério e importante. É algo tocante e que transformou minha vida para melhor desde que conheci o recurso e comecei a estudar o tema mais a fundo.

Ver tantos alunos empenhados, fazendo perguntas e considerações sobre AD pode parecer algo simples e banal. Mas para mim não é. Foi o primeiro contato de todos com audiodescrição.

Vibrei com o esforço e empenho deles em sua primeira experiência na descrição de uma foto. Vi que, de alguma forma, conseguimos tocá-los e instigá-los a pesquisar mais sobre o assunto.

Me sinto realizada por saber que plantamos uma sementinha nessa turma. Uma semente de curiosidade e interesse pela audiodescrição. Talvez dali saíam alguns futuros audiodescritores – roteiristas, narradores ou consultores.

Certamente dali sairão professores melhor preparados e sensibilizados para trabalhar questões de acessibilidade em sala de aula. Profissionais melhor preparados para lidar com essas questões em empresas, museus, bibliotecas, espaços culturais.

Fico honrada em sentir que contribui – e sigo contribuindo com o possível – para que esses alunos multipliquem seus conhecimentos. Fico feliz ao imaginar que pessoas com deficiência poderão ser atendidas ou recebidas pelos alunos do curso e que, certamente, serão muito bem recebidas e atendidas em suas demandas.

Sei que, de alguma forma, noosos alunos – que são pessoas sensíveis e empenhadas – estarão ajudando a construir um mundo melhor. Um mundo com com mais AD, com mais rampas de acesso, com menos barreias arquitetônicas, com mais respeito, com mais educação e mais bom senso no trato com pessoas com deficiência e com mais cultura e conhecimento ao alcance de todos.

Parabéns à nossa turma! Obrigada aos alunos queridos que estão dando sentido ao nosso trabalho e me fazendo ver (de todas as formas) o quanto ainda temos que crescer e evoluir juntos na construção desse mundo mais acessível.

As pessoas com deficiência e o mercado de trabalho

Alguém já reparou que não existem anúncios de emprego para um arquiteto, um professor, um advogado, um administrador com deficiência? Em compensação, são inúmeras as vagas para auxiliar de limpeza, telefonista ou serviços gerais para pessoas com deficiência. Não desmerecendo essas vagas (que são de fundamental relevância), mas precisamos sermos crítico diante desse cenário.

Vivemos em uma sociedade em que parece intrínseco o estereótipo de que a pessoa com deficiência não pode (ou não tem a capacidade para) desenvolver-se e galgar cargos mais elevados. Há uma subestimação prévia da pessoa com deficiência no que diz respeito ao trabalho e à formação acadêmica.

Raríssimos cargos são oferecidos a pessoas com nível superior, mestrado ou doutorado. A priori, não se espera encontrar uma pessoa com deficiência bem qualificada e competente. Todos ficam tão impressionados quando encontram um trabalhador com deficiência bem preparado e capacitado que tendem à supervalorizá-lo e à superestimá-lo. Essa não é uma realidade comum dentro do universo corporativo, onde eu noto um grande esforço para o devido preenchimento das cotas para pessoas com deficiência.

A RESERVA DE VAGAS
Está previsto em lei a reserva de vagas tanto em órgãos públicos quanto na iniciativa privada. Em todo concursos públicos de âmbito federal, são reservados pelo menos 5% das vagas, Em âmbito estadual, pelo menos 10% das vagas. Na iniciativa privada, empresas com mais de 100 funcionários também devem destinar parte de suas vagas a funcionários com deficiência, numa escala que varia de 2 a 5%.

Nesse contexto, cabe pensarmos a qualidade e a efetividade dessa dita “inclusão”. As instituições, em sua maioria, infelizmente não estão preparados para receber funcionários com deficiência. Faltam rampas, banheiros acessíveis, computadores. Enfim, faltam tecnologia, recursos e estrutura física que permitam o acesso, a circulação, o desenvolvimento e a permanência do funcionário dentro do ambiente corporativo.

Mas mais grave do que as falhas arquitetônicas são as barreiras atitudinais. Ou seja, a falta de uma compreensão adequada por parte de gestores e administradores de que a pessoa pode ter uma deficiência, mas que isso não a impede de desenvolver-se como qualquer funcionário – desde que, é claro, tenha as condições adequadas para isso.

É preciso o entendimento básico de que as pessoas com deficiência são, antes de tudo, pessoas. Simplesmente PESSOAS. E, como tais, podem ser gordas ou magras, altas ou baixas, ricas ou pobres, bem qualificadas ou não, com espírito de equipe ou individualistas, com as duas pernas ou não, com visão nos dois olhos ou não, com movimentos nos braços ou não, com famílias que lhes apoiam ou não, com muitos ou poucos amigos…

E a sociedade em geral pode ou não ter sensibilidade e consciência para mudar velhos hábitos e atitudes. Mudar comportamentos, mudar a cultura, é algo que leva tempo e exige o esforço de todos.

TVE é a primeira emissora brasileira a transmitir quadro fixo apresentado por jornalista com baixa visão

O Cidadania, transmitido ao vivo pela TVE nas segundas, quartas e sextas, às 19h, é o primeiro programa da televisão brasileira aberta a ter um quadro comandado por apresentadora com baixa visão. Com novo formato e abordagem ampla de conteúdos, o Cidadania reestreou em setembro, incluindo em sua pauta a acessibilidade, tema abordado pela jornalista e mestre em Letras Mariana Baierle. “Quero que as pessoas me enxerguem além da minha deficiência visual, pois ela é apenas uma das minhas características. Acima de tudo sou amiga, jornalista, colega, como qualquer outra pessoa. A baixa visão não sou eu inteira”, declara Mariana.

Para o presidente da Fundação Cultural Piratini, Pedro Luiz da Silveira Osório, “a radiodifusão pública não pode ficar alheia à realidade das pessoas com deficiência. Temos obrigação de abordar o assunto e promover o acesso à informação e a discussão sobre essa temática.” De acordo com dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge), no Rio Grande do Sul existem 1.900.134 milhão de pessoas com deficiência visual (17% da população), 617.244 mil pessoas com deficiência auditiva (5,7% da população), 818.450 mil pessoas com deficiência motora (7,6% da população), e 162.792 mil pessoas com deficiência intelectual (1,52% da população), totalizando 3.799.120 milhões de pessoas com deficiência (35,5% da população no RS).

A TVE vem tomando iniciativas que promovam a acessibilidade a partir da assinatura de um termo de cooperação técnica com a Federação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para PPDs e PPAHs no RS (Faders) em 2011. Desde lá, a emissora passou a ter intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) no programa Viva Bem, transmite o programa Faça a Diferença, da TV Assembleia, e apresenta o Jornal Visual, em rede com a TV Brasil.

Estas ações visam garantir o cumprimento das diretrizes preconizadas na Convenção da ONU que trata dos direitos da pessoa com deficiência e na Lei 13.320 de 21 de dezembro de 2009. Também é diretriz das emissoras públicas do Rio Grande do Sul contribuir para que os temas relacionados à acessibilidade entrem na pauta e na agenda do público.

Fonte:
http://www.tve.com.br/?model=conteudo&menu=83&id=1164

Crédito das fotos: Giovanni Rocha

Por Mariana Soares