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O pedal da inclusão já começou

Em tempos de crise econômica, corrupção, violência e tanta coisa ruim que o mundo parece às vezes querer andar para trás, gostaria de compartilhar com vocês o que posso chamar de uma “pedalada do bem”. Esse final de semana eu, meu noivo Rafael, a amiga Rita, o André, a Barbara e família fizemos o que posso chamar de uma verdadeira aventura em Porto Alegre. Pedalamos cerca de 30 quilômetros pela cidade. Foi uma experiência sensacional para mim e o Rafa que não temos muita experiência com ciclismo. No nosso caso foi ainda mais inusitado porque tanto eu como o Rafa temos baixa visão. Eu fui de carona no banco de trás em uma bike de dois lugares e a Rita foi minha guia. O Rafa foi em uma bike individual recebendo informações sobre o trajeto e obstáculos de quem andava em sua frente. Mesmo com baixa visão, ele consegue ter uma boa noção do espaço para andar de bike.

Sentir o vento no rosto. Pedalar. Cansar. Fazer força para subir lombas. Se desequilibrar. Pedalar mais forte. Ficar com dor nas pernas. Passar ao lado dos carros. Perceber a ciclovia. Sentir a vibração da cidade. Tudo isso pode ser natural para quem tem visão normal e anda de bike. Mas para eu que jamais imaginava andar de bicicleta na avenida Ipiranga, por exemplo, foi sensacional.

A pedalada que fizemos esse final de semana foi uma prévia do que vai ocorrer no próximo dia 10 de julho (domingo que vem). Uma ação incrível, carinhosamente batizada de “Pedal da inclusão”, vai levar pessoas com e sem deficiência visual para pedalar na Capital. Aqueles que não enxergam andarão na bike de dois lugares, tendo um pedaleiro-guia junto para guiar a pedalada e descrever o trajeto. Os demais andarão com as bikes comuns. O importante é que todos estejam juntos e possam se divertir. O objetivo é uma grande confraternização para mostrar que o pessoal que é cego ou tem baixa visão pode andar de bike também. Além disso, vamos ocupar a cidade de forma saudável e sustentável, com veículos que não poluem, disseminando uma nova cultura.

A ideia surgiu com a Rita, que há tempos ajuda entidades sociais com a coleta tampinhas de garrafas pet. O Rafa, o Glailton e a Bianka (todos diretores da Acergs) acolheram a iniciativa de juntarmos tampinhas afim de arrecadar fundos para a compra de bicicletas de dois lugares para a Associação de Cegos do RS. Isso viabilizaria que a galera com deficiência visual pudesse participar desse mundo do pedal, até então desconhecido ou impossível para nós. Cada quilo de tampinhas de garrafa pet ou de material de limpeza equivale a R$1,00 (um real) na usina de reciclagem. É necessário um saco enorme cheio de tampinhas para se trocar por um real. A quantidade de tampinhas necessárias para a compra das bicicletas de dois lugares e parecia impossível conseguirmos. Mas a campanha vem dando resultado e muito material já foi arrecadado.

No dia 10 (domingo), a Associação de Cegos (ACERGS) e os grupos de pedaleiros que apoiam a iniciativa estarão a partir das 14h em um estande no Velódromo (final da avenida Ipiranga, na orla do Guaiba, logo após o Shopping Praia de Belas). Estaremos lá pedalando e recolhendo tampinhas para trocarmos por mais bikes para a Associação. Já tivemos a adesão de bastante gente nessa arrecadação, mas ainda falta muito para cumprirmos a meta.

Peça tampinhas nos bares e restaurantes que você frequenta, separe em casa e busque com os amigos. Participe e nos ajude a construir uma cidade mais sustentável e acessível a todos.

Matéria do Jornal do Comércio de 19 de outubro

Campanha busca recursos para manter autonomia e inclusão de deficientes visuais

Por Thaís Seganfredo/Jornal do Comércio

O ambiente organizado e acolhedor da Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs), no Centro de Porto Alegre, normalmente está lotado de pessoas. Isso porque são muitas as atividades promovidas, desde aulas de braile, orientação e mobilidade até oficinas culturais, para mais de 800 associados. Além das atividades fixas, a Acergs atende cerca de 3 mil deficientes visuais por mês, emitindo a carteira de isenção para passagem de ônibus e encaminhando para vagas no mercado de trabalho.

A instituição, uma das mais atuantes no terceiro setor gaúcho desde sua fundação, em 1967, precisa de ajuda para manter a gestão e lançou uma campanha de arrecadação. O valor vai ser destinado, por exemplo, a encargos com pequenas reformas, manutenção e limpeza, serviços para os quais está faltando verba. Um dos objetivos é reativar a oficina de vida diária – uma das realizações mais importantes para os integrantes -, que está parada por falta de recursos. “A oficina existe para ensinar as pessoas a realizarem suas atividades domésticas, lavar as roupas, organizar a casa e outras tarefas do cotidiano”, explica Gilberto Kemer, presidente da Acergs.

A reabilitação é fundamental para a busca da autonomia e também da inclusão social das pessoas com deficiência. Para Rafael Martins, que é tesoureiro da Acergs e tem baixa visão, “se a pessoa não tem a sua independência e não sabe lidar com os cuidados dela sozinha, não consegue ter o encaminhamento na vida profissional.” A inclusão no mercado de trabalho é uma das bandeiras da instituição, que promove oficinas de informática, dá aulas de braile e realiza visitas de conscientização e consultoria nas empresas, informando sobre equipamentos necessários à adaptação, por exemplo. Apesar da Lei de Cotas, que determina às empresas a contratação de pessoas com deficiência, Kemer afirma que ainda há pouco valorização no mercado. “Quando as empresas contratam, é para cargos com funções mais simples e baixa remuneração”, lamenta.

A principal fonte financeira da Acergs é o setor de degravações. O serviço de transcrição de áudios de audiências judiciais, terceirizado pela Justiça Federal, emprega cerca de cinco pessoas com deficiência visual na associação. Já o setor de produção em braile é voltado a pessoas e empreendimentos que queiram fazer cardápios, cartões de visita, placas de porta e publicações diversas com o sistema de leitura. Kemer avalia que o serviço, entretanto, poderia ter muito mais demanda das empresas do que tem atualmente. “Muitas vezes, as empresas querem o serviço, mas não sabem quem realiza.”

A Acergs também atua promovendo oficinas de dança, poesia e capoeira e modalidades esportivas para os associados, como goalball, futebol de 5 e judô. Atleta de vela paralímpica, Martins conta que o esporte foi um meio de integração e uma fonte de autoestima quando estava perdendo a visão. “Nas nossas equipes, temos pessoas em busca de saúde, pessoas à procura de um ambiente de amizade e pessoas que querem ser atletas de alto rendimento”, diz. O tesoureiro é um desses atletas de ponta e já foi campeão brasileiro de judô paralímpico. Celeiro de revelações, a Acergs lançou nomes como a judoca Luíza Oliano, medalha de bronze nos Jogos Parapanamericanos deste ano.

Mais informações sobre como ajudar podem ser enviadas para o e-mail
acergs@acergs.org.br, ou pelo telefone (51) 3225-3816.

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Moraes Moreira faz show no aniversário da ACERGS

O programa Conversa de Botequim do dia 08 de outubro de 2015, da rádio FM Cultura, apresenta show de Moraes Moreira exclusivo para associados da Acergs (Associação de Cegos do RS). O artista realizou um show em Porto Alegre exclusivo para associados e convidados da Acergs. Na plateia estavam aproximadamente 60 pessoas com deficiência visual. O show faz parte das comemorações de aniversário da entidade, que passa por dificuldades financeiras e pede ajuda da população para dar continuidade ao trabalho que realiza. Vale a pena acompanhar o programa!

Conversa de Botequim – 08/10/2015 by Fm Cultura 107.7 on Mixcloud