Conhecendo o Projeto Ver com as Mãos

É possível que um aluno cego ou com baixa visão participe efetivamente de uma aula de Artes? Como pensar em um mundo sem imagens? Será que uma pessoa com deficiência visual é capaz de pensar em imagens? Foram esses questionamentos que fizeram a professora de Artes Diele Pedrozo Santo a procurar o Instituto Paranaense de Cegos. A entidade foi fundada em 1939 e presta serviço de habilitação e reabilitação a pessoas cegas e com baixa visão.

Ela observou que os alunos incluidos em escolas de ensino comum nunca haviam experenciado o desenho, por exemplo, algo tão natural no processo de desenvolvimento de uma criança. Hoje Diele é coordenadora do Projeto Ver com as Mãos, que trabalha desde 2005 com o ensino de arte adaptada.

No último dia 6 estive em Curitiba participando do II Seminário sobre Acessibilidade do Projeto Ver Com as Mãos, que aconteceu na Biblioteca Pública da cidade.

A professora explica que o objetivo do Projeto Ver com as Mãos não é necessariamente tornar os estudantes artistas, mas dar-lhes embasamento para aprender todas as disciplinas, além de vivenciar cmo qualquer criança a experiência da arte, da gravura, da pintura, da escultura etc. Essa base será fundamental para que os estudantes cegos ou com baixa visão compreendam, mais adiante, conteúdos mais complexos, tais como: geografia, matemática, trigonometria, biologia, gráficos, tabelas. Afinal, são disciplinas que exigem entedimento de elementos, formas e informações visuais constantemente.

O Projeto Ver com as Mãosdemonstra, na prática, que é possível incluir pessoas com deficiência visual em todo tipo de atividade que, tradicionalmente, envolvem a visão. O Projeto realiza visitas mensais a museus e centros culturais do Paraná. Em 2012, um grupo de trinta alunos foram conhecer o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Muitos deles não tinham sequer saído do Paraná e tiveram então a oportunidade de ir a São Paulo conhecer esse museu.

Hoje o Projeto oferece oficinas de arte, música, teatro, comunicação e design a crianças e jovens no turno inverso ao da escola. Trabalha também com adultos que perderam a visão em oficinas de canto, piano, violão e artesanato, com foco na reabilitação e geração de renda. Há ainda o “Clube de Mães do IPC”, que visa discutir a inclusão de seus filhos no âmbito educacional, social e cultural.

Eu tive a alegria e satisfação de conhecer de perto esse trabalho. O que mais me chamou a atenção é a desenvoltura e a autonomia dos alunos que, além de talentosos, já estão reivindicando seus direitos em todo tipo de espaço cultural que frequentam. Foi inevitável lembrei da minha infância e das oportunidades que não tive em termos de acesso à arte e adaptação de conteúdo na escola.

Fico imensamente emocionada em ver as crianças de agora tendo essa oportunidade e percebendo o quanto elas estão se desenvolvendo. Quero mandar o meu forte abraço, com todo carinho do mundo, à professora Diele, que mais do que uma excelente profissional em sua área, revelou-se um ser humano fantástico e tornou-se minha amiga do coração. Quero mandar um grande abraço a todos os alunos do Projeto. Quero que saibam da minha admiração e carinho por todos. Meus votos de sucesso e felicidade sempre. Quero agradecer também o Lucas Radaelli pela aula prática que me deu sobre o uso do voice over no Iphone. Meu grande abraço também à professora Amanda Nicolau, responsável pela primeira peça com audiodescrição em Curtiba, coma supervisão da nossa grande mestra e amiga Livia Motta. Já estou com saudades de todos!

Por mais debates como o da visita a Pés-Columbinos

Foi um acontecimento tocante a visita guiada à exposição de fotografias Pés- Columbinos, de Leandro Michel Antonelo Pereira, promovida pela Tagarellas Audidoescrição no último dia 8 de novembro, em Porto Alegre/RS. Um grupo com aproximadamente dez pessoas, a maioria com deficiência visual, acompanhou a descrição das fotos na Carmen Medeiros Galeria de Arte. No fim da visita, houve um bate-papo com o artista.

A experiência foi fantástica, pois as pessoas fizeram perguntas, comentários e observações sobre as fotos só possíveis pelo acesso que tiveram a partir da audiodescrição. As questões abordaram o processo de criação, as razões do tema escolhido para a mostra, as inspirações do artista, o trabalho de edição das fotografias, as camadas de imagens e o sentimento expresso em cada uma delas.

O que mais me deixou satisfeita foi ver as pessoas discutindo arte, tendo elementos para apreciá-la e interagir com o artista. O enfoque do evento não foi o fato de a visita ter audiodescrição, mas o ineditismo do trabalho do Leandro, um artista inquieto, cujas fotografias brincam com a oscilação entre a realidade e a abstração. As imagens impactaram o público.

E é exatamente isso que queremos: que as pessoas com deficiência lotem as galerias de arte, as bibliotecas, os museus, as salas de cinema e teatro, podendo vivenciar e experimentar diferentes produções e atrações culturais. Porque esses espaços também devem ser ocupados pelo público com deficiência.
E o que nós, da Tagarellas, queremos é que cada vez mais as pessoas tenham embasamento para julgar se gostam ou não de determinado produto cultural. Queremos instrumentalizar o público para que mais debates como o que houve na exposição Pés-columbinos possam ocorrer. Parabéns, Leandro! E parabéns ao público pelas perguntas que fizeram da visita guiada um acontecimento tão marcante.

Fonte: http://tagasblog.wordpress.com/2013/11/27/por-mais-debates-como-o-da-visita-a-pes-columbinos/

59ª Feira do Livro de Porto Alegre terá oficina ministrada pela Tagarellas Audiodescrição

As vagas são limitadas e as inscrições estão abertas no Memorial do Rio Grande do Sul, de segunda a sexta, das 14h às 18h

“Audiodescrição: descobrindo o mundo pelas palavras” é o nome da oficina ministrada pela Tagarellas Audiodescrição, com apoio da ADEVIS-NH (Associação dos Deficientes Visuais de Novo Hamburgo), dentro da programação da 59ª Feira do Livro de Porto Alegre. As atividades, gratuitas, estão marcadas para 9 e 10 de novembro (sábado e domingo), das 16h às 18h, na sala Noé de Mello Freitas, no Centro Cultural CEEE Érico Veríssimo (Rua dos Andradas, 1223 – entre a Rua 24 Horas e a Rua General Câmara). As vagas são limitadas e devem ser solicitadas presencialmente, de segunda a sexta, das 14h às 18h, no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1020 – na Praça da Alfândega, entre os prédios do Santander Cultural e do MARGS).

Para quem não conhece o recurso da audiodescrição, será uma oportunidade de entender, na prática, como é possível tornar qualquer produto cultural, evento ou serviço acessível a pessoas cegas e com baixa visão. Serão apresentadas noções básicas sobre roteiro, narração e consultoria em audiodescrição, além de exemplos da aplicação do recurso a produtos culturais.

SERVIÇO:

Oficina “Audiodescrição: descobrindo o mundo pelas palavras”.

Data: 9 e 10 de novembro (sábado e domingo), das 16h às 18h.

Local: Sala Noé de Mello Freitas CCCEV (Rua dos Andradas, 1223 – Centro Histórico)

Inscrições: Gratuitas, no térreo do Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro, 1020 – Centro Histórico – Porto Alegre), de segunda a sexta, das 14h às 18h. Vagas limitadas.

Sobre a Tagarellas Audiodescrição: http://www.tagasblog.wordpress.com

Sobre a ADEVIS-NH: www.adevis-nh.org.br

Por Mariana Soares