No documentário “A Janela da Alma” são trazidas à tona diversas reflexões sobre uma diferente forma de viver e interagir com o mundo, sem foco no aspecto físico da visão e sim em outras formas de ver, se comunicar e sentir o universo ao nosso redor. A visão não é somente física: é também emocional e psicológica. Cada indivíduo vê, vive e se coloca no mundo segundo crenças e princiípios próprios e isso independe de ter ou não a visão nos olhos perfeita. Quando o ser humano não tem algum dos sentidos o acaba buscando outros alicerces em sua vida de uma forma muito natural e intuitiva. E isso ocorre não porque a pessoa seja uma heroína ou superdotada, mas por uma questão de necessidade e adaptação mesmo.
De fato, acredito, sim, que há muito além da visão física das coisas e que o mundo não é apenas material. Está longe de ser apenas aquilo que se vê. Entretanto, em um país como o Brasil muitas vezes fica difícil perceber a poesia e a beleza do “não-ver” em função das barreiras arquitetônicas e atitudinais que nós – pessoas com deficiência – enfrentamos todos os dias. Exemplos disso são as calçadas – que representam uma ameaça constante em função de buracos e obstáculos no caminho -, os ônibus- que não tem qualquer tipo de sinalização sonora -, o despreparo das escolas e do mercado de trabalho para receberem o aluno ou funcionário com deficiência, entre uma infimodade de outras situações que poderiam ser mencionadas.
É preciso um contraponto, uma visão crítica e até mais realista em relação a idealização da falta de visão como algo belo, poético e até transcendental. As pessoas com deficiência, de qualquer ordem, sofrem – e muitp – em um ambiente despreparado. É preciso tratar de forma diferente as pessoas que são diferentes. E isso infelizmente não vem ocorrendo na nossa cidade e no nosso país. Seguimos sem ter as míninas condições para questões básicas como o deslocamento pelas ruas, direito de ir e vir com segurança, acesso ao transporte e oportunidades iguais às demais pessoas.
Muito precisaremos avançar para que um dia alcançarmos um mundo mais justo. Tenho esperança de que novas janelas sejam abertas nas mentes, corações e almas de toda a humanidade, para que a civilização siga num caminhe de maior evolução e desenvolvimento espiritual. Espero que um dia não precisemos mais reivindicar direitos essenciais. E que a poesia da diversidade humana possa ser comemorada e vivenciada de forma plena.
Realmente todos os dias enfrentamos tantas coisas,adoraria o dia em que pudéssemos transitar e se inserir na sociedade sem tantos transtornos. seria um sonho.
Algo que dificulta para mim além das calçadas esburacadas e cheias de degraus, são os transportes coletivos que agora adotaram por definitivo os letreiros digitais, durante o dia eu nao consigo distinguir direito o destino daquele ônibus.
Que legal receber teu comentário. Realmente o letreiro dos ônibus pra mim é impossível. Além das calçadas horríveis, esses dias cai em uma corrente de aço atravessada na calçada. Nem mesmo a bengala identifica qlqer obstáculo aéreo. É bem complicado… Obrigada por compartilhar tua experiência. Grande abraço,
Mariana Baierle