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Pela poesia na diversidade humana

No documentário “A Janela da Alma” são trazidas à tona diversas reflexões sobre uma diferente forma de viver e interagir com o mundo, sem foco no aspecto físico da visão e sim em outras formas de ver, se comunicar e sentir o universo ao nosso redor. A visão não é somente física: é também emocional e psicológica. Cada indivíduo vê, vive e se coloca no mundo segundo crenças e princiípios próprios e isso independe de ter ou não a visão nos olhos perfeita. Quando o ser humano não tem algum dos sentidos o acaba buscando outros alicerces em sua vida de uma forma muito natural e intuitiva. E isso ocorre não porque a pessoa seja uma heroína ou superdotada, mas por uma questão de necessidade e adaptação mesmo.

De fato, acredito, sim, que há muito além da visão física das coisas e que o mundo não é apenas material. Está longe de ser apenas aquilo que se vê. Entretanto, em um país como o Brasil muitas vezes fica difícil perceber a poesia e a beleza do “não-ver” em função das barreiras arquitetônicas e atitudinais que nós – pessoas com deficiência – enfrentamos todos os dias. Exemplos disso são as calçadas – que representam uma ameaça constante em função de buracos e obstáculos no caminho -, os ônibus- que não tem qualquer tipo de sinalização sonora -, o despreparo das escolas e do mercado de trabalho para receberem o aluno ou funcionário com deficiência, entre uma infimodade de outras situações que poderiam ser mencionadas.

É preciso um contraponto, uma visão crítica e até mais realista em relação a idealização da falta de visão como algo belo, poético e até transcendental. As pessoas com deficiência, de qualquer ordem, sofrem – e muitp – em um ambiente despreparado. É preciso tratar de forma diferente as pessoas que são diferentes. E isso infelizmente não vem ocorrendo na nossa cidade e no nosso país. Seguimos sem ter as míninas condições para questões básicas como o deslocamento pelas ruas, direito de ir e vir com segurança, acesso ao transporte e oportunidades iguais às demais pessoas.

Muito precisaremos avançar para que um dia alcançarmos um mundo mais justo. Tenho esperança de que novas janelas sejam abertas nas mentes, corações e almas de toda a humanidade, para que a civilização siga num caminhe de maior evolução e desenvolvimento espiritual. Espero que um dia não precisemos mais reivindicar direitos essenciais. E que a poesia da diversidade humana possa ser comemorada e vivenciada de forma plena.

Debate sobre documentário “A janela da Alma”

No próximo sábado (10 de setembro) estarei participando de um encontro promovido pela Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA), onde será debatido o documentário “A Janela da Alma”. A obra, de João Jardim e Walter Carvalho, apresenta dezenove pessoas com diferentes graus de deficiência visual, desde a miopia discreta à cegueira. Elas falam como se veem, como veem os outros e como percebem o mundo.

Será a segunda edição do “PONTO DE ENCONTRO II”, onde eu (Mariana Baierle) e o psicanalista Marco Albuquerque iremos debater com o público as questões levantadas no documentário. Sou suspeita para falar sobre o filme, pois na minha opinião é sensacional. Já perdi as contas de quantas vezes o assisti. Por isso, tenho certeza que será um encontro muito produtivo. Quero convidar a todos para que possam estar presentes. O evento tem entrada franca, compareçam!

SERVIÇO

O QUÊ: “PONT DE ENCONTRO II”, com exibição e debate do documentário “A Janela da Alma”, com a mediação de Mariana Baierle (jornalista) e Marco Albuquerque (psicanalista)

REALIZAÇÃO: Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre (SBPdePA)

DATA: 10 de setembro (sábado)

HORÁRIO: das 9h às 12h

LOCAL: Praça Maurício Cardoso, nº 7, Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS

ENTRADA FRANCA

Mais informações:
Email secretaria@sbpdepa.org.br ou fones (51)3333.6857/ (51) 9237.5510