Arquivo da tag: poesia

Pela poesia na diversidade humana

No documentário “A Janela da Alma” são trazidas à tona diversas reflexões sobre uma diferente forma de viver e interagir com o mundo, sem foco no aspecto físico da visão e sim em outras formas de ver, se comunicar e sentir o universo ao nosso redor. A visão não é somente física: é também emocional e psicológica. Cada indivíduo vê, vive e se coloca no mundo segundo crenças e princiípios próprios e isso independe de ter ou não a visão nos olhos perfeita. Quando o ser humano não tem algum dos sentidos o acaba buscando outros alicerces em sua vida de uma forma muito natural e intuitiva. E isso ocorre não porque a pessoa seja uma heroína ou superdotada, mas por uma questão de necessidade e adaptação mesmo.

De fato, acredito, sim, que há muito além da visão física das coisas e que o mundo não é apenas material. Está longe de ser apenas aquilo que se vê. Entretanto, em um país como o Brasil muitas vezes fica difícil perceber a poesia e a beleza do “não-ver” em função das barreiras arquitetônicas e atitudinais que nós – pessoas com deficiência – enfrentamos todos os dias. Exemplos disso são as calçadas – que representam uma ameaça constante em função de buracos e obstáculos no caminho -, os ônibus- que não tem qualquer tipo de sinalização sonora -, o despreparo das escolas e do mercado de trabalho para receberem o aluno ou funcionário com deficiência, entre uma infimodade de outras situações que poderiam ser mencionadas.

É preciso um contraponto, uma visão crítica e até mais realista em relação a idealização da falta de visão como algo belo, poético e até transcendental. As pessoas com deficiência, de qualquer ordem, sofrem – e muitp – em um ambiente despreparado. É preciso tratar de forma diferente as pessoas que são diferentes. E isso infelizmente não vem ocorrendo na nossa cidade e no nosso país. Seguimos sem ter as míninas condições para questões básicas como o deslocamento pelas ruas, direito de ir e vir com segurança, acesso ao transporte e oportunidades iguais às demais pessoas.

Muito precisaremos avançar para que um dia alcançarmos um mundo mais justo. Tenho esperança de que novas janelas sejam abertas nas mentes, corações e almas de toda a humanidade, para que a civilização siga num caminhe de maior evolução e desenvolvimento espiritual. Espero que um dia não precisemos mais reivindicar direitos essenciais. E que a poesia da diversidade humana possa ser comemorada e vivenciada de forma plena.

Primaverno gaúcho

As estações se embaralham

Primavera e inverno emaranhados

Concorrem entre si

mantendo a ausência

de qualquer padrão

(…)

Num único dia

tudo é possível

Da manhã a noite

são variadas sensações

em hibridas estações

(…)

Do cachecol à regata

todas as peças

vestem bem

Quatro estações paralelas

definem o clima gaudério

Ar quente-frio-umido-seco

chama a gripe e a sinusite

(…)

Temperatura dinâmica

muda muda o tempo todo

Será que eu aguento?

Espero que o coração

suporte e dê conta

de tantas emoção e mudança

no clima e na alma…

Sarau Poético Musical Braille da Biblioteca Pública do RS

O Sarau Poético Musical, promovido pelo setor Braille da Biblioteca Pública do Estado do RS, homenageia Simões Lopes Neto. O evento será dia 21 de junho (quinta), ás 19 horas.

Local: auditório Luis Cosme da Discoteca Pública Natho Henn (Casa de Cultura Mário Quintana – Rua dos Andradas, 736 – 4º andar – Porto Alegre).

Ao piano, Angelin Loro e André Vicente da Silva (deficientes visuais)
No violino, Cristiano Bion Loro

Música: Obras de Natho Henn, Simão Goldman e J. Massenet
Leitura de trechos e poemas de João Simões Lopes Neto

Participação dos membros do Clube de Leitura da BPE e convidados especiais, na declamação de poesias.