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Sessões de audiodescrição na Sala Redenção de Cinema Universitário/UFRGS

A partir de março de 2012, Sala Redenção da UFRGS vai exibir filmes com audiodescrição uma vez por mês.

Trata-se do projeto de extensão COM AD: Sessões com Audiodescrição na Sala Redenção de Cinema Universitário/UFRGS, coordenado pelos professores Eduardo Cardoso (Departamento de Design e Expressão Gráfica da Faculdade de Arquitetura) e Jeniffer Cutty (Departamento de Ciência da Informação da Faculdade de Biblioteconomia), em parceria com a Mil Palavras Acessibilidade Cultural.

O objetivo é reunir espectadores, profissionais e demais interessados na área da audiodescrição em encontros voltados para a difusão e a discussão desse recurso, além de investir em formação de plateia. O projeto prevê encontros mensais – realizados na primeira quarta-feira de cada mês, de março a dezembro de 2012 – para exibição de filmes com audiodescrição, seguidos de debate com a participação dos os presentes. Os eventos serão abertos ao público interessado, com entrada franca.

Na primeira sessão, uma pequena amostra da aplicação da audiodescrição aos mais diversos produtos audiovisuais: a animação Perfeito de Maurício Bartok, o videoclip O Caminho Certo de Luiza Caspary, a exposição de fotos Este Lugar é a Minha Cara de Carmem Gamba, a apresentação A Geometria do Corpo da professora Marilena Assis e o curta-metragem O Sanduíche de Jorge Furtado.

O projeto COM AD tem início no dia 07 de março, às 19 horas, na Sala Redenção/UFRGS e conta com o apoio da Casa de Cinema de Porto Alegre.

Autonomia e liberdade: um sonho possível

Faz pouco tempo que me deparei com a tal da audiodescrição e suas infinitas potencialidades. A cada dia, quanto mais conheço sobre o tema e a cada novo filme assistido, mais fico encantada e envolvida pelas novas possibilidades de lazer e acesso à cultura que se abrem para mim.

É fascinante sentar em frente à televisão sem estar angustiada ou indiferente por não captar os detalhes que só as imagens propiciam, ou ainda, sem incomodar quem está ao meu lado com incessantes perguntas sobre o que está se passando. Sinto-me vibrante e entusiasmada a cada segundo de audiodescrição por finalmente captar o sentido da história – uma sensação única jamais vivenciada em qualquer sala de cinema.

Passei, pela primeira vez, a criar expectativa sobre os filmes, a esperar que seu enredo me agrade, me envolva, tenha um significado na minha vida ou apenas me divirta. Antes, confesso, não esperava nada de um filme. Porque simplesmente não os assistia ou não os acompanhava.

Quando penso na audiodescrição, ainda me parece um sonho. Um universo infinito a ser explorado e desvendado em cada detalhe. Audiodescrição, em outras palavras, significa liberdade, autonomia, igualdade e respeito às diferenças. O acesso à cultura, ao entretenimento e à informação resgata o sentimento de pertencimento e de integração a um contexto, até então, inacessível e distante.

Às vezes tenho medo de acordar desse sonho e descobrir que é mentira. Sei que é real e que está aí. Meu maior receio talvez seja o de que esse recurso não seja disseminado e incorporado às salas comerciais de cinemas, teatros e espetáculos.

Não basta audiodescrição apenas em circuitos alternativos, festivais pontuais, sessões em horários diferentes dos que todo mundo costuma sair e se divertir. Quero assistir a filmes no mesmo horário, no mesmo local que meus amigos assistem. Quero audiodescrição como algo comum e usual em qualquer lugar, em qualquer evento.

Sim, em qualquer evento. Não é apenas no cinema que esse recurso é importante, mas em toda atividade artística, cultural, esportiva ou situação em que as imagens sejam relevantes para compreensão de seu significado e sentido.

Ao ler o texto “A audiodescrição entra na dança”, de Jorge Rein (disponível em http://www.rbtv.associadosdainclusao.com.br/index.php/principal/issue/view/9/showToc), talvez eu tenha compreendido melhor o alcance desse recurso. Percebi a magnitude, ainda inexplorada por mim, da audiodescrição em diferentes ambientes e situações. Segundo o autor: “A audiodescrição pode ser definida como a tradução de imagens em palavras.  Sua aplicação, neste sentido, é universal. Qualquer produto que ofereça informações visuais é passível de ser audiodescrito e a dança não representa uma exceção”.

Fico satisfeita é saber que muitos coreógrafos, companhias de dança e de teatro já disponibilizam espetáculos audiodescritos. O texto cita exemplos de eventos em diversas partes do Brasil.

O meu sonho, nesse sentido, é estar viva para presenciar o dia em que todos os espetáculos, filmes e eventos tenham audiodescrição. Quero que Jorge Rein possa um dia reescrever esse texto sem precisar apontar os raros locais que viabilizam a audiodescrição no país, mas criticando e apontando especificamente aqueles que ainda não a possuem – constituindo-se eles de exceções, alvo de rechaça e contestação de toda a sociedade. Espero que isso não seja apenas um sonho, mas uma realidade possível e, a cada dia, mais próxima.