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Matéria do Jornal do Comércio de 19 de outubro

Campanha busca recursos para manter autonomia e inclusão de deficientes visuais

Por Thaís Seganfredo/Jornal do Comércio

O ambiente organizado e acolhedor da Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs), no Centro de Porto Alegre, normalmente está lotado de pessoas. Isso porque são muitas as atividades promovidas, desde aulas de braile, orientação e mobilidade até oficinas culturais, para mais de 800 associados. Além das atividades fixas, a Acergs atende cerca de 3 mil deficientes visuais por mês, emitindo a carteira de isenção para passagem de ônibus e encaminhando para vagas no mercado de trabalho.

A instituição, uma das mais atuantes no terceiro setor gaúcho desde sua fundação, em 1967, precisa de ajuda para manter a gestão e lançou uma campanha de arrecadação. O valor vai ser destinado, por exemplo, a encargos com pequenas reformas, manutenção e limpeza, serviços para os quais está faltando verba. Um dos objetivos é reativar a oficina de vida diária – uma das realizações mais importantes para os integrantes -, que está parada por falta de recursos. “A oficina existe para ensinar as pessoas a realizarem suas atividades domésticas, lavar as roupas, organizar a casa e outras tarefas do cotidiano”, explica Gilberto Kemer, presidente da Acergs.

A reabilitação é fundamental para a busca da autonomia e também da inclusão social das pessoas com deficiência. Para Rafael Martins, que é tesoureiro da Acergs e tem baixa visão, “se a pessoa não tem a sua independência e não sabe lidar com os cuidados dela sozinha, não consegue ter o encaminhamento na vida profissional.” A inclusão no mercado de trabalho é uma das bandeiras da instituição, que promove oficinas de informática, dá aulas de braile e realiza visitas de conscientização e consultoria nas empresas, informando sobre equipamentos necessários à adaptação, por exemplo. Apesar da Lei de Cotas, que determina às empresas a contratação de pessoas com deficiência, Kemer afirma que ainda há pouco valorização no mercado. “Quando as empresas contratam, é para cargos com funções mais simples e baixa remuneração”, lamenta.

A principal fonte financeira da Acergs é o setor de degravações. O serviço de transcrição de áudios de audiências judiciais, terceirizado pela Justiça Federal, emprega cerca de cinco pessoas com deficiência visual na associação. Já o setor de produção em braile é voltado a pessoas e empreendimentos que queiram fazer cardápios, cartões de visita, placas de porta e publicações diversas com o sistema de leitura. Kemer avalia que o serviço, entretanto, poderia ter muito mais demanda das empresas do que tem atualmente. “Muitas vezes, as empresas querem o serviço, mas não sabem quem realiza.”

A Acergs também atua promovendo oficinas de dança, poesia e capoeira e modalidades esportivas para os associados, como goalball, futebol de 5 e judô. Atleta de vela paralímpica, Martins conta que o esporte foi um meio de integração e uma fonte de autoestima quando estava perdendo a visão. “Nas nossas equipes, temos pessoas em busca de saúde, pessoas à procura de um ambiente de amizade e pessoas que querem ser atletas de alto rendimento”, diz. O tesoureiro é um desses atletas de ponta e já foi campeão brasileiro de judô paralímpico. Celeiro de revelações, a Acergs lançou nomes como a judoca Luíza Oliano, medalha de bronze nos Jogos Parapanamericanos deste ano.

Mais informações sobre como ajudar podem ser enviadas para o e-mail
acergs@acergs.org.br, ou pelo telefone (51) 3225-3816.

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