Descrições de imagens e acessibilidade digital: por uma comunicação para todos

Por: Mariana Baierle

Como você se sentiria ao deparar-se com um prédio no qual você simplesmente é impedido de entrar? Ou com um prédio no qual você precisasse ser carregado no colo a cada degrau ou escada porque nele não há rampas nem elevador? Ou ainda, que não pudesse ir ao banheiro porque nenhum dos sanitários possui portas com largura suficiente para passar sua cadeira de rodas? Esta é a realidade enfrentada por pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida todos os dias, em cada um dos espaços que tentam transitar.

Diversas construções precisam ser repensadas. Arquitetos e engenheiros são unânimes ao concordar que é imensamente mais fácil conceber uma edificação acessível desde seu projeto inicial do que tentar modificar uma obra para torná-la acessível posteriormente.
Ao se tratar de acessibilidade, a imagem que vem ao pensamento das pessoas é justamente a da rampa. E acredito que as rampas são fundamentais e podem beneficiar a todos, não apenas usuários de cadeira de rodas. Eu sou uma pessoa com deficiência visual e prefiro as rampas porque são mais seguras que as escadas. Mães ou pais com carrinhos de bebê precisam de rampas. Idosos podem ter maior segurança. Mulheres com sapatos de salto podem tropeçar nos degraus, sendo as rampas mais tranquilas para transitarem. O mesmo vale para as crianças, podendo evitar acidentes. Assim, as rampas beneficiam a todos, não apenas indivíduos cadeirantes.
Como pessoa com deficiência visual gostaria de pontuar que acessibilidade não se resume apenas às rampas. Quero chamar atenção aqui para outro tipo de acessibilidade, quase invisível ou despercebida por quem não vivencia na pele nossas dificuldades. Me refiro à acessibilidade comunicacional, em especial nas plataformas e ambientes digitais.

Ao navegar em sites na internet ou utilizar determinados programas, é desesperador e ao mesmo tempo frustrante perceber que ainda hoje, em 2023 – com tantos avanços em termos de engenharia, medicina, vacinas, aviação, arquitetura, robótica etc – , as pessoas com deficiência precisam clamar por algo que deveria ser básico: acessibilidade comunicacional. Embora a tecnologia tenha avançado e tenhamos conquistas importantes, estamos engatinhando quando avalio a equidade de oportunidades, acesso e autonomia de pessoas com deficiência visual na web e nas ferramentas digitais.
Para quem nunca conviveu diretamente com alguém com deficiência visual ou nunca acompanhou a forma como utilizamos o computador provavelmente não tem ideia dos perrengues que enfrentamos e como nos tornamos dependentes de ter uma pessoa que enxergue ao nosso lado para resolver diversas questões. O leitor de tela faz a leitura básica apenas do conteúdo que está disponível em formato de texto. Ele não faz a leitura de nenhuma foto, imagem, gráfico, tabela, charge, cartaz ou qualquer elemento gráfico, a menos que esses possuam descrição de sua imagem.

Você já deve ter visto em algumas redes sociais aquela #paracegover ou #paratodosverem. É exatamente disso que estou falando. Não necessariamente a descrição precisa ser inserida a partir de uma #, pode vir logo em seguida como uma legenda da imagem ou texto alternativo. O importante é que esses elementos sejam descritos.
Como servidora pública, posso dizer que os sites pelos quais preciso navegar para meu trabalho cotidiano não possuem estas descrições. Como estudante de doutorado, os principais sites de pesquisa do país, bibliotecas, acervos, portais de periódicos e agências de fomento também não possuem descrições. Eventos como congressos, seminários, palestras, entre outros, os quais potencialmente seriam de meu interesse, às vezes sequer chegam ao meu conhecimento, pois são divulgados através de um folder digital, que contém todos os detalhes, mas não é lido pelo leitor de tela. O mesmo vale para materiais em formato de vídeo. Se os cursos, conferências ou aulas online não possuem audiodescrição também ficamos apenas com a informação auditiva. Muita coisa conseguimos compreender ou deduzir pelo contexto, mas boa parte do conteúdo se perde.

Se você enxerga, proponho o exercício de navegar pela internet em seus sites de notícias ou aqueles que costuma acessar no cotidiano, mas imaginando que todas as imagens simplesmente não existem. O leitor de tela fala “imagem” quando se depara com uma foto, mas você não tem acesso ao que está escrito ou retratado ali. Aquelas informações em flash que ficam passando como destaque em muitas páginas, girando como carrossel, por serem consideradas as chamadas principais, simplesmente não são lidas, pois se trata de uma imagem. Para os videntes, é algo muito óbvio: “Nossa, você não encontrou tal informação? Está em destaque na nossa página, bem no topo…”.
Como consumidores, outro momento crítico é quando tentamos fazer uma compra online e nos mandam os preços em um catálogo muito lindo, mas todo em formato de imagem. Ao tentar pedir uma teleentrega é a mesma coisa: “Segue nosso cardápio”. Um arquivo todo trabalhado esteticamente, mas nada acessível.
Sem falar na arquitetura das páginas em si, que muitas vezes também apresenta outras barreiras para além da ausência de descrições dos elementos visuais para quem não enxerga. Ampliando um pouco o escopo de exemplos, eu poderia citar ainda os displays de equipamentos eletrônicos como microondas, máquinas de lavar roupa ou louça, aspiradores de pó, fornos elétricos, panificadoras, controles remotos, maquininhas de cartão de crédito onde precisamos colocar senhas pessoais, entre outros.

Costumo traçar uma relação entre a arquitetura de sites sem acessibilidade na internet e os prédios antigos, erguidos sem nenhuma preocupação com rampas de acesso, elevadores, pisos táteis ou banheiros adaptados. Os tempos mudaram e – ainda bem – hoje esses são quesitos básicos para o projeto de qualquer construção que se prese e cumpra as legislações mínimas. Não é à toa que volta e meia vemos prédios antigos com um elevador colocado totalmente do lado de fora da construção, como uma espécie de “puxadinho” para tentar adaptar-se a essas demandas.
Com os sites, softwares, aplicativos, programas de informática não é diferente. Tentar consertar páginas inteiras ou programas construídos sem acessibilidade é uma tarefa complexa e talvez quase mais trabalhosa do que concebê-los do zero. Entretanto, os engenheiros civis e arquitetos parecem estar mais conscientes disso do que engenheiros de software e pessoal da área de TI.

Acredito que empresas da área ainda não colocaram este quesito como fundamental para a existência de qualquer plataforma, site ou projeto digital. A consciência sobre essa temática ainda é mínima, muito precisamos avançar na busca por uma comunicação acessível e universal. Pessoas com deficiência precisam ser chamadas para testar a navegação com tecnologias assistivas, podendo tornar-se consultoras e parceiras nesses processos.
Gosto da frase da publicitária Juliana Carvalho que fala: “É preciso construir rampas nas mentes das pessoas”. As rampas, assim como as descrições de imagens, para mim significam respeito pelo próximo; significam colocar-se no lugar do outro, ainda que por um instante; significam que estamos conscientes que o mundo não é visual para todos; significam que estamos dispostos a fazer este exercício de alteridade.
Ter páginas e ambientes digitais que eu possa utilizar de forma autônoma representa a esperança de que talvez o mundo físico também possa ter acessibilidade. Transitar em mundos onde eu não caia em tantas calçadas esburacadas e possa escolher livremente o conteúdo online que vou consumir ainda parece utópico, mas é minha grande expectativa e por que não, um sonho. Vamos juntos nessa construção, rampas nas mentes e descrições nos corações das pessoas.

Publicado originalmente em:
https://coletiva.net/artigos-home/descricoes-de-imagens-e-acessibilidade-digital-por-uma-comunicacao-para-todos,433606.jhtml

CONVITE EVENTO DE EXTENSÃO UFRGS

Olá pessoal,
No dia 01 de agosto, às 20h, eu e minha colega Renata Lauermann estaremos ministrando o mini-curso “Inclusão no serviço público: a experiência de duas servidoras com deficiência visual”. A atividade faz parte da programação do Conexão APS (Administração Pública e Social): conectando pesquisa, prática e teoria – um ciclo de eventos organizado por alunos e professores do curso de Administração Pública da UFRGS, gratuito e aberto à comunidade em geral. Estão todas e todos convidados!

Neste evento, teremos uma série de debates, amostras e rodas de conversa que certamente ampliarão seus horizontes acadêmicos e pessoais.

Data: 01/8, 02/08 e 03/8

Horário: das 18h30 às 20h e das 20h às 21h30

Local: Rua Washington Luiz, 855 – Centro Histórico, Porto Alegre

Durante o evento, você terá a oportunidade de se envolver em discussões profundas e relevantes sobre diversos temas da atualidade, conduzidas por especialistas e profissionais renomados em suas áreas. Essas interações promovem o compartilhamento de conhecimento, a troca de ideias e o fortalecimento da sua formação como estudante.

Essa é a chance perfeita para conhecer as iniciativas da área e se inspirar para futuras colaborações.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA:

01 de agosto – Minicursos de atualização profissional

18H30 – Minicurso 1 : O novo panorama das licitações: como a nova lei está transformando o processo de contratação – Ednaldo Tavares Rufino Filho – SEFAZ e Dionísio de Souza Nascimento da Silva – Auditor do Estado do RS

18H30 – Minicurso 2 : As alternativas de captação de recursos em nível municipal – Elisandro Roath do Canto – SMPAE

18H30 – Minicurso 3 : Mercado de Trabalho para o Administrador Público e Social: perspectivas de carreira – Luciana Pazini Papi – UFRGS

20H – Minicurso 4 : Gestão de dados na Administração Pública – Celso Cordova – SEFAZ

20H – Minicurso 5 : Inclusão no serviço público: a experiência de duas servidoras com deficiência visual
Convidadas: Mariana Baierle – UFRGS e Renata Oliveira Lauermann – UFRGS

20H – Minicurso 6 : Previdência Pública e gestão de recursos municipais: implicações para os servidores e para a sustentabilidade financeira dos municípios brasileiros – Leonardo Schmidt Machado – AGIP

02 de agosto – Socialização de Práticas no âmbito das organizações públicas e da sociedade civil

18H30 – Amostra Livre: Amostras das Organizações da Sociedade Civil (Organizações da sociedade civil

18H30 – Roda de conversa: Projeto Cidades em Construção do Núcleo de pesquisa em gestão municipal (NUPEGEM)

18H30 – Roda de conversa : Lançamento de Exposição de Fotografias dos 10 anos do Núcleo de estudos em gestão alternativa (NEGA)

19:30 – Roda de conversa : Apresentação das Organizações da Sociedade Civil

20h – Roda de conversa : Reforma Urbana e Direito à Cidade (Tânia Farias e Jaqueline Custódio – Movimento Cais Cultural Já)

20h – Roda de conversa : Processos de organização e gestão das experiências Produtivas do MST e seus desafios atuais (Álvaro Delatorre- Setor de Produção MST)

03 de agosto – Pesquisa em Administração Pública e Social e sua contribuição para a reflexão e prática

18H30 – Debate 1: A situação das mulheres negras na política brasileira e os desafios enfrentados: reflexões a partir dos relatos de vereadoras do município de Porto Alegre e suas trajetórias. (Apresentadora: Paola Cristiely Amaral da Silva – Debatedoras Vereadora Bruna Rodrigues e Elizabete Bispo )

18H30 – Debate 2 : A gestão do município de porto alegre no controle e proteção social da habitação, saúde e educação para a população em situação de rua (Apresentador: Lorenzo Dovera – Debatedor Professor Pedro Costa)

18H30 – Debate 3 : A Influência da Teoria Gerencial de Administração Pública na Legislação de Compras Públicas no Brasil (Mariana Jaenisch Barreto – Debatedor Prof. Aragon)

Link para inscrições: https://forms.gle/MQ5Z9rFmGV839q9P7

CONVITE PARA PARTICIPAR DO CURSO – QUEBRANDO BARREIRAS: ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA UNIVERSIDADE

Por: Mariana Baierle, Renata Lauermann e Vinicius Martins Flores

Nós intitulamos nossa atividade de extensão como “Quebrando barreiras: acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência na Universidade”. Com foco na deficiência visual, realizaremos quatro encontros no Instituto de Letras da UFRGS, campus do Vale, entre os dias 24 de março e 5 de maio de 2023.

O evento será composto por quatro encontros, a serem realizados nas sextas-feiras, das 14h às 17h, de acordo com o seguinte cronograma: Aula 1 – “A pessoa com deficiência na Universidade” (24/03/2023); Aula 2 – Mesa-redonda “A inclusão no contexto escolar e acadêmico”, com a participação de alunos e servidores com deficiência da UFRGS (31/03/2023); Aula 3 – Oficina sobre “Elementos de audiodescrição aplicada ao contexto acadêmico” (14/04/2023); Aula 4 – Tecnologias assistivas com foco na deficiência visual (05/05/2023).

As inscrições podem ser realizadas até um dia antes de cada atividade pelo link: https://forms.gle/AERN76x2Fj1BGurf8 . Para participar, é necessário inscrever-se em cada dia da atividade. Os certificados serão emitidos individualmente para cada aula assistida. Esta atividade de extensão não se limita apenas a abordar uma temática relevante. Almejamos ir além e situar nossos alunos e a comunidade universitária sobre a importância de tratar desta pauta nos dias atuais. Temos um propósito maior em mente e concebemos essa atividade como uma ferramenta de transformação social, como uma alavanca para mudanças de padrões de comportamento e quebra de barreiras atitudinais. Embora possa parecer audacioso, acreditamos que podemos fazer a diferença e contribuir para um mundo mais inclusivo e acessível.

Temos diversas legislações que amparam os direitos da população com deficiência no Brasil, no âmbito da educação, mercado de trabalho, concursos públicos, moradia, saúde, transporte, esporte, cidadania, entre outros. Entretanto, ao vivenciarmos a condição de pessoa com deficiência ou convivermos de perto com elas, como é o nosso caso enquanto proponentes do curso, percebemos que existe um abismo imenso entre a previsão legal e a realidade observada na prática. Para além de direitos fundamentais desrespeitados, precisamos lidar cotidianamente com o estigma que muitas vezes nos reduzem à condição de um corpo fora dos padrões da dita normalidade. Antes de sermos vistos como uma pessoa, somos resumidos a um olho que não enxerga, um ouvido que não escuta, membros que não funcionam ou pernas que não caminham.

A partir de nossas trajetórias e reflexões a respeito, nos questionamos: Quais as características mais relevantes de cada indivíduo? O que caracteriza e o que diferencia os seres humanos entre si? Será que as funcionalidades corporais deveriam ter um peso tão grande? Será que uma condição física poderia ser determinante na avaliação e pré-conceito que fazemos a respeito de uma pessoa? Embora tais perguntas pareçam remeter a entendimentos óbvios ou claros de noções de respeito e empatia, não é isso que vivenciamos em diferentes âmbitos de nossa vida.

O conceito de capacitismo remete ao preconceito velado ou escrachado o qual as pessoas com deficiência são submetidas. O preconceito velado é o mais difícil de ser combatido, envolvendo uma busca por mudanças culturais e de entendimento bastante profundas. Trazemos aqui alguns exemplos de situações rotineiras que nós, pessoas com deficiência, enfrentamos no dia a dia. O capacitismo está mais arreigado do que se pensa. Talvez sejam situações que para quem não vivencie esta condição sequer iria percebê-las com tal.

O capacitismo existe porque causamos estranhamento ao chegarmos em um lugar diferente. O capacitismo existe porque muitas pessoas ficam nervosas ou não sabem como lidar conosco. O capacitismo existe quando as pessoas dirigem-se a nossos acompanhantes em uma loja ou restaurante, sem perguntarem diretamente para nós o que desejamos. O capacitismo existe porque as pessoas ainda não entendem nossa deficiência e tentam gritar , como se isso fosse fazer com que o cego pudesse enxergar. O capacitismo existe porque professores, ainda hoje, não sabem como lidar ou o que fazer ao depararem-se com alunos com deficiência em sua sala de aula. O capacitismo existe porque até nos convidam para uma festa, mas não nos tiram para dançar. O capacitismo existe porque as pessoas dizem não ter preconceito, mas não chamam os colegas com deficiência do seu filho para brincar no final de semana. O capacitismo existe porque as pessoas dizem não ter preconceito, mas não tem amigos com deficiência ou quem dirá consideram ter um relacionamento afetivo com uma pessoa com deficiência. O capacitismo existe porque as empresas escolhem as piores vagas de trabalho para reservar para funcionários com deficiência. Isso quando não as contratam para cumprir as cotas e dizem para que fiquem em casa. O capacitismo existe porque não há naturalidade para se lidar com as pessoas com deficiência. O capacitismo existe porque precisamos lutar para sermos vistos como pessoas e não apenas reduzidos a deficiência que possuímos.

É por tudo isso que precisamos falar sobre deficiência. Precisamos que essa temática seja propagada e desmistificada, sem tabus, sem rótulos e possamos apresentar nossa realidade. Nosso curso de extensão será um importante instrumento e espaço de trocas nesse sentido. A cada encontro teremos convidados, sendo que a maioria são pessoas com deficiência visual, com cegueira ou baixa visão. Será possível aos participantes entender na prática o cotidiano das pessoas com deficiência, os recursos possíveis que nos auxiliam, como bengala, cão-guia, tecnologias assistivas, softwares leitores de tela, audiodescrição, entre outros. Convidamos a todos a participarem dessa jornada de aprendizado e transformação, para que juntos possamos construir um mundo mais justo e inclusivo para todos.

Instituto de Letras da UFRGS adquire tecnologias assistivas para servidoras com deficiência visual

O Instituto de Letras da UFRGS, através das diretoras Carmem Luci da Costa Silva e Marcia Velho, adquiriu tecnologias assistivas que irão permitir maior autonomia a duas servidoras com deficiência visual. Mariana Baierle e Renata Lauermann atuam no Núcleo Acadêmico do Instituto de Letras (NAIL). Mariana é assistente em administração e trabalha no NAIL desde 2019; Mariana é também doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRGS. Renata é técnica em assuntos educacionais e está no setor desde 2015, sendo mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRGS. As duas possuem baixa visão, sendo que Mariana tem cerca de cinco por cento de visão e Renata cerca de trinta por cento.

As tecnologias adquiridas são óculos inteligentes, chamado Orcam, e uma lupa eletrônica. O primeiro permite a leitura de qualquer texto, seja um livro, polígrafo, folhas avulsas, cartazes nas paredes, cardápios ou até superfícies digitais como a tela de um computador ou tablet. Os óculos fotografam o texto e transforma instantaneamente o que está escrito em áudio para o usuário escutar o conteúdo. O equipamento faz ainda o reconhecimento de até 150 faces que podem ser cadastradas no banco de dados e fala o nome das pessoas quando elas se aproximam do usuário. A lupa eletrônica é portátil e possui uma tela que amplia o conteúdo para que o usuário com baixa visão leia materiais diversos, podendo modificar o tamanho da letra, as cores e o contraste do texto.

“Antes, seria necessário digitalizar todo material impresso e editar o texto, em um longo processo, para que eu tivesse acesso ao conteúdo através do leitor de tela no computador. Agora, os óculos falam tudo instantaneamente. Isso representa uma autonomia e independência incríveis”, relata Mariana.

“Ficamos imensamente felizes que a direção do IL tenha percebido a importância de investir em acessibilidade e de nos permitir essa melhoria nas nossas condições de trabalho e estudo. Isso deve servir de exemplo para outras instâncias, dentro e fora da Universidade”, comenta Renata.

As diretoras relatam que foi a primeira vez que se depararam com tal demanda por acessibilidade, vinda justamente de um setor que lida com a vida acadêmica dos alunos, de fundamental importância para todo o fluxo administrativo do curso de Letras.

“Ao recebermos a demanda, compreendemos prontamente a relevância do pedido. Não medimos esforços para providenciar as tecnologias e em menos de três meses os equipamentos já estavam disponíveis para nossas servidoras”, lembra Carmem.

Por Mariana Soares