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PARA MUITO ALÉM DA MAQUIAGEM

Sou jornalista e durante algum tempo trabalhei em televisão com reportagem e apresentação de um programa. Era uma espécie de pré-requisito para aparecer no ar estar completamente maquiada. A maquiagem para TV tem a particularidade de que precisa ser forte, bem intensa, pois o rosto fica bastante exposto pelas câmeras e qualquer imperfeição na pele acaba sendo potencializada. A emissora que eu trabalhei era pública e não contava com um maquiador, então era os próprios profissionais que se arrumavam para entrar no ar.

Como minha visão não propicia enxergar detalhes, aprendi essa lição sobre a quantidade e intensidade de maquiagem de forma, no mínimo, inusitada. Um dia iria fazer uma espécie de teste, um programa-piloto, para saber se eu iria ficar na apresentação de um programa ou não. Ciente de que teria que estar maquiada, acordei mais cedo e antes de sair de casa pedi que minha mãe fizesse uma maquiagem em mim. Como eu não era uma pessoa acostumada a me maquiar, ela fez algo simples, sem carregar em nada. O problema é que acabou ficando uma maquiagem discreta demais para os padrões televisivos. Quando cheguei lá, certa de que estava pronta e linda para o teste, minha chefe na época perguntou:

– Quando tu vai te maquiar?

Com vergonha de dizer que já havia me maquiado e com receio de que não tivesse ficado boa, pensei rapidamente em uma resposta e disse:

– Pois é, para mim é complicado me maquiar, vou pedir ajuda para alguma colega.

E foi o que fiz. Foram várias repórteres e produtoras que se voluntariaram para me ajudar nesse primeiro dia. E o mais fantástico é que deu tudo certo no teste e eu fui muito elogiada. Mesmo sem ler o teleprompter (aquele equipamento que fica passando o conteúdo para o apresentador ler). Também não enxergava as câmeras. Os colegas do estúdio foram fantásticos me indicando com um estalar de dedos o momento de começar cada bloco e indicando com um papel branco a direção para qual eu deveria olhar. Isso porque o papel branco se destacava mais, no estúdio. As câmeras eram escuras e não tinham contraste com o fundo preto das paredes almofadadas do estúdio. Foram o Chiquinho e o Polga duas das pessoas mais especiais que me acompanharam nesse período de estúdio.

Para quem pensa que as soluções de acessibilidade e inclusão tem que passar pela aquisição de equipamentos caros e sofisticados vale destacar que foi uma simples folha branca de papel a solução para resolver a questão do meu direcionamento. Algumas vezes abria o programa olhando para uma câmera, tinha que virar para o entrevistado, fazer a pergunta e depois olhar para outra câmera. Se não tivesse o papel branco na nova câmera eu certamente ficaria perdida procurando para onde olhar. Com essa solução simples resolvemos toda a questão de posicionamento no estúdio. Acho inclusive que o fato de eu não ficar presa ao teleprompter, como acontecia com os demais colegas, me deixava mais desinibida e espontânea.

Somado a isso havia o fato de que eu não podia contar com as letras externas escritas no telepronpter para eu ler e saber o que deveria dizer ou perguntar ao entrevistado. Então todo o conteúdo do programa deveria estar na minha mente, o que fazia eu me preparar muito antes de entrar no ar e iniciar o programa – que não era uma gravação, era uma transmissão ao vivo. Chegava a brincar que tinha um teleprompter na mente e ficava imaginando as letrinhas passando na minha frente enquanto apresentava.
A abertura do programa, o nome dos entrevistados, tudo eu acabava sabendo de cor. Havia o ponto eletrônico no meu ouvido que muitas vezes me soprava informações importantes, mas eu precisava estar focada em conduzir as entrevistas para que os convidados pudessem se expressar e sentirem-se a vontade para isso. Muitas vezes precisava um pouco de psicologiae jogo de cintura porque os convidados não se sentiam à vontade em frente Às câmeras ou era a primeira vez que davam uma entrevista.

Comecei a apresentar o programa semanalmente e por alguns períodos apresentei diariamente. No início uma das coisas que me deixava insegura era o tema da maquiagem e como iria resolver a questão. Acabei optando por contar com a ajuda de colegas para me arrumar antes de qualquer gravação ou entrada ao vivo. Com o tempo, uma amiga que era estagiária na época e duas colegas foram me encorajando e me dando dicas para que eu pudesse fazer em mim mesma (Obrigada Kathlyn, obrigada Amanda! Obrigada Lirian!).

Fui praticando diariamente, então aos poucos aprendia e ganhava confiança nesse campo da maquiagem, até então desconhecido. Passei a memorizar as testuras das bases, pós e iluminadores, sombras etc. Decorava nas caixinhas qual era a ordem de passar cada coisa, qual a posição de cada item que iria usar. No início fazia com a ajuda delas, depois comecei a fazer sozinha. Mesmo assim, sempre pedia para conferirem para mim, pois com a minha baixa visão nunca conseguia saber se tinha algo borrado, se algo não tinha ficado uniforme, se havia caído alguma coisa na minha roupa, se o cabelo estava bom, entre uma infinidade de dúvidas.

Com o tempo elas já apenas esperavam eu me arrumar toda e ficavam esperando para a conferência final. Geralmente tinha uma ou outra coisinha para ajeitar, mas a grande produção era feita por mim.

Trabalhei durante seis anos para a Fundação Piratini, mantenedora das emissoras TVE e rádio FM Cultura. Durante um período eu apresentava o programa Cidadania. Em outros momentos fazia reportagens no telejornal da TVE e no TVE Repórter. Por fim, trabalhei na rádio FM Cultura também. Foi um tempo bom e que deixa saudades dos tempos áureos desses dois veículos, tendo em vista que a Fundação Piratini, com muito pesar, foi extinta pelo governo do Estado do RS. De qualquer forma, assim como os programas que produzimos e as pautas que realizei sei que os dois veículos deixaram suas marcas positivas na formação da audiência, bem como na formação cultural e educativa da sociedade.

Foi durante o período que trabalhei lá que conheci uma das pessoas mais especiais da minha vida, meu marido Rafael. Nos aproximamos, aliás, em uma reportagem, na qual ele foi meu entrevistado. Fui fazer uma matéria sobre paradesporto. A modalidade escolhida foi a vela adaptada. Ele tem baixa visão e junto com colegas cadeirantes, com mobilidade reduzida ou com algum membro amputado praticavam vela adaptada em Porto Alegre, que é banhada pelo lago Guaíba.

Naquela oportunidade eu e o Rafa já estávamos interessados um no outro e gravar a entrevista com o grupo foi um motivo para nos encontrarmos. O Rafa, com seu desprendimento e ousadia, chegou a roubar o microfone da mão da repórter no final da entrevista e disse que iria me entrevistar. Fiquei completamente envergonhada e aquela entrevista foi o primeiro passo para darmos prosseguimento nas nossas conversas e início do namoro. Mas o que eu queria contar sobre ele está relacionado ao tema inicial deste relato, que é a questão da maquiagem.

Desde a adolescência, quando conhecia um carinha interessante na escola, faculdade ou em algum outro ambiente, me preocupava muito se ele iria se interessar por mim porque naquela época não costumava me maquiar, nem mesmo fazia coisas diferentes no cabelo. Quando tinha uma festa ou evento especial pedia sempre auxílio para minha mãe ou alguma amiga. Na adolescência não usava bengala, mas no início da fase adulta comecei a usar porque minha visão estava pior. Outra dúvida que me questionava é se os homens iriam se interessar por uma mulher com bengala e com deficiência visual.

Durante muito tempo carreguei essa insegurança e escondia a bengala, mesmo cometendo algumas gafes. Era como se eu precisasse me aproximar muito da pessoa para lhe contar uma espécie de “segredo”, que era o fato de que eu tinha baixa visão. Disfarçava o máximo que podia as dificuldades de enxergar, sempre me aproximando devagar dos objetos e das pessoas, evitando os restaurantes buffets que sempre foram mais complicados por não identificar as comidas, caminhando cautelosamente, olhando para o chão para não cair e até seguindo as pessoas na rua para saber o caminho por onde deveria andar. Com o Rafa isso ocorreu de forma diferente, pois o fato de eu ter deficiência visual acabou nos aproximando mais e trazendo muitos assuntos em comum.

Quanto à maquiagem, ele acabou quebrando todos os meus próprios paradigmas e preconceitos. Um dia ele me disse que gostava mais de mim sem maquiagem porque podia sentir o cheiro da minha pele e o meu perfume ficava mais intenso. Quando eu estava maquiada depois de sair da TV eu tinha muito pó e coisas artificiais no rosto, podendo até manchar sua roupa conforme nos abraçávamos. Ele afirmava sempre que eu era linda ao natural e que até a textura do meu rosto não era a mesma com a maquiagem. Além disso, o próprio cheiro da maquiagem e da base eram artificiais.

Sei que essas observações dele têm relação com o fato de que ele também tem baixa visão e provavelmente não percebia a diferença da minha aparência com a maquiagem. Mas isso me fez pensar sobre as diferentes formas de beleza e sobre a sensibilidade desenvolvida por pessoas com deficiência visual. Aspectos que são importantes para os outros talvez não tenham a mesma relevância para nós. De alguma forma ele falar isso foi libertador. Na verdade os aspectos que são importantes para uma pessoa não necessariamente são importantes para outra. E no caso de pessoas com deficiência visual a beleza poderia ser percebida de diferentes maneiras.

Dessa forma, começamos a namorar e eu pensei que ao invés de me preocupar com a maquiagem devia me preocupar mais com os perfumes que usava. Foi então que fui ainda mais surpreendida – e acho que esse é o segredo da nossa relação. Tinha vários perfumes, mas sempre um era meu favorito. Foi quando percebi que mais de uma vez ele disse que adorava o meu perfume. Mas para meu espanto dizia isso justamente em dias que não estava com perfume nenhum, o que me deixava ainda mais intrigada. Falei para ele que não estava usando perfume e ele repetiu então que eu estava linda com a minha essência. Disse que gostava de me abraçar, beijar e me sentir com toda minha naturalidade.

Esse foi um início muito diferente de relacionamento, diferente de qualquer história que tenha tido antes. Primeiro porque era o amor da minha vida, hoje meu marido, que eu amo muito. Segundo porque acredito que tenha dado tão certo em função de que me voltei para dentro de mim mesma, para tentar mostrar para ele o que havia além da maquiagem, além do rosto cheio de base e pó para televisão ou além do perfume cheiroso de marcas famosas. Procurei mostrar a mulher linda que existia em mim – por dentro e por fora. Ele passou a me conhecer, a desbravar comigo o mundo, descobrir segredos e topar todo tipo de aventuras ao meu lado. Assistia os programas que eu apresentava na TV, mandava comentários, participações e comentava comigo sobre o conteúdo e as pautas tratadas.

Penso hoje que talvez essa história jamais tivesse avançado se eu seguisse preocupada com a maquiagem e com o exterior. Nada como o pé na grama, um banho de chuva, a aventura num camping para a guria de apartamento, as longas caminhadas, o cabelo escabelado e a sensação do barco a vela na reportagem ajudando a aumentaro frio na barriga. Hoje seguimos nas aventuras, com muitas pedaladas com o grupo de ciclismo da Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (ACERGS), coordenado pelo Rafa. Andamos em bicicletas duplas, onde quem enxerga vai na frente e a pessoa com deficiência visual vai atrás. Novamente a maquiagem desaparece: colocamos capacetes, a mulherada prende o cabelo, o suor escorre no rosto e o mais importante é a adrenalina, o vento no rosto e as emoções.

Recentemente realizamos juntos um dos sonhos da minha vida: voamos de balão. Foi algo incrível. O balão voando, o vento soprando, o flutuar nas alturas, a sensação de estar lá em cima, a liberdade, a decolagem, o pouso e tudo mais. Rafa, obrigada por ser o meu companheiro de todas as horas. Das viagens de barco, de avião, de ônibus, das pedaladas de bike, dos piqueniques, dos acampamentos, dos shows inesquecíveis, das músicas e das horas ruins também.

Hoje estou em um trabalho novo na UFRGS, onde não tenho a exigência de me maquiar, mas meu lado vaidoso faz com que eu me maquie todos os dias. Faço esse exercício externo de passar maquiagem, mas na verdade estou olhando para dentro de mim e cuidando do meu lado emocional e psicológico. Tenho uma nova colega, que se tornou uma grande amiga, Renata, que me assessora e avisa se não borrei nada.

Passo base no rosto, blush, rimel, lápis e batom. Olho no espelho e não percebo nada diferente. Fico igual a antes. Chego a imaginar a mudança no visual, mas realmente qualquer transformação não me aparece visualmente, mas emocionalmente. Descobri por que gosto – e admito que gosto muito – de me maquiar. Passar base o rosto significa fazer um carinho na própria pele, significa parar por um instante, olhar para o espelho e não ver diferença nenhuma e pensar o quanto sou uma mulher bonita. Significa lembrar que me amo, com ou sem visão. Mesmo que minha visão esteja diminuindo a cada dia, mês ou ano – o que me causa muita dor e lágrimas -, amo e valorizo o pouquinho de visão que tenho. Amo fazer carinho na minha pele todos os dias pela manhã. Passo a base com protetor solar para prevenir as manchas e o envelhecimento.

Em meu novo trabalho como servidora pública da UFRGS posso passar uma maquiagem leve, sem a necessidade do pó – que tinha que usar em grande quantidade na televisão. Passo rimel transparente, que também é uma massagem nos sílios. Passo blush bem discreto, gloss só para dar uma corzinha. Faço tudo com o auxílio do tato e das outras percepções. Depois desse momento de beleza olho para o espelho e penso que estou linda, que sou linda, que me amo, que o dia será maravilhoso. As grandes belezas da vida talvez nunca possam ser vistas com a visão. Para além da maquiagem e do universo exterior há um mundo a ser desbravado e construído com mais amor e menos superficialidades.

“As pessoas pensam que eu não posso exercer o jornalismo plenamente por ter baixa visão”, diz apresentadora da TVE

Por: Nathália Carvalho

O dia acaba. Já é quase noite e, neste momento, encerra o expediente da maioria dos brasileiros. Na contramão, este era o horário em que a jornalista Mariana Baierle se preparava, em 2007, para enfrentar o caminho até a redação do Correio do Povo, em Porto Alegre. Com pouca luz e muitos obstáculos, o trajeto tratava-se de um desafio. “Tenho cerca de 10% de visão. Para ir até o trabalho já estava anoitecendo – ou era noite fechada no inverno. Tive muitas dificuldades, pois não estava preparada para andar pelas ruas de noite com segurança”.

Era o primeiro emprego de Mariana – em redação e noturno. À época, ela ainda não usava bengala e tinha objeção para assumir a deficiência. Foram alguns tombos e machucados, até que ela percebeu que as coisas precisavam mudar. E mudaram. A jornalista, que hoje comanda e apresenta um quadro sobre acessibilidade na TVE, reaprendeu a andar e a lidar com o preconceito das pessoas e do mercado de trabalho. “Fico muito chateada quando me deparo com pessoas que pensam que não posso exercer o jornalismo plenamente por ter baixa visão”, diz.

Não foi nada fácil. Mariana conta que, no começo, a maior resistência era dela, pois tinha vergonha de tirar a bengala da bolsa. “Não queria que as pessoas me vissem usando aquele instrumento e viessem me perguntar sobre isso. Para completar, escutava muitos comentários preconceituosos e desagradáveis feitos nas ruas e nos ônibus por pessoas desconhecidas, como por exemplo: ‘É ceguinha, mas é tão bonita!’, ‘Você é tão nova e já é deficiente?’, ‘Que lindos olhos, nem parece que não funcionam’, entre uma infinidade de coisas”, conta.

Formada pela PUC-RS e mestre em Letras pela UFRGS, Mariana não encontrou preconceito somente na rua. Conseguir uma vaga na área representava, para o mercado, apenas cumprir cotas, independentemente da capacidade e formação. “Mesmo formada, com graduação, mestrado e experiência, as empresas me ofereciam vagas de auxiliar de escritório, telefonista ou operadora de telemarketing – cargos que exigiam apenas o nível médio (ou nem isso)”. Segundo ela, ainda há pessoas que acreditam que ela não pode trabalhar na área como os outros profissionais. “Posso não enxergar os detalhes de algumas coisas (da forma como outras pessoas veem), em compensação, tenho maior sensibilidade para sentir o ambiente, avaliar situações e compreender o que está acontecendo”.

Na época do vestibular, a apresentadora fazia parte do pequeno grupo que já sabia o que queria estudar: Jornalismo e Letras. Foi exatamente nessa ordem que ela realizou os dois sonhos. “Entrei em Comunicação pensando em seguir na área de texto, seja em jornal impresso, online, revista ou produção de conteúdos diversos”. Em Porto Alegre, Mariana fez estágio em jornais de bairro, ocasião em que aprendeu a fazer reportagens, entrevistas e resgates históricos sobre a cidade. A jornalista também passou pela Comunicação e Marketing da Copesul, o que trouxe experiência empresarial. A oportunidade na TVE, onde está atualmente, significa conquista após tanto tempo recebendo propostas para funções fora do Jornalismo. “Surgiu um concurso emergencial para a emissora, o qual eu fiz e posso dizer, com orgulho, que fui aprovada na classificação geral, independentemente das cotas”.

Desde setembro passado, Mariana é repórter da emissora e apresenta o quadro dento do programa ‘Cidadania’, comandado por Lena Ruduit. “Acho que se as pessoas com deficiência tivessem as condições adequadas para se desenvolver, desde a educação básica até o mercado de trabalho, o fato de ocuparem diversos espaços e tipos de emprego não seria tão espetacular – seria visto com maior naturalidade. Quero que um dia eu e as pessoas com deficiência sejam reconhecidas primeiro pelo talento e capacidade, e depois pela deficiência. Esse ainda é um sonho distante”.

Para a jornalista, a presença de pessoa com deficiência no mercado de trabalho e no ambiente corporativo ensina os demais a lidar com a diferença. “Minha experiência no mercado mostra que, no início, as pessoas têm muita resistência e desconhecimento quanto ao potencial das pessoas com deficiência. Depois de um tempo, felizmente essa ‘barreira’ e o distanciamento podem ser quebrados”, diz. No Jornalismo, falar sobre o trabalho da fotógrafa americana Amy Hildenbrand foi a reportagem mais marcante de Mariana. Ela conta que a artista também tem baixa visão, aproximadamente 20%, e tirou mil fotos em mil dias, registrando momentos cotidianos e sua forma de perceber o mundo. A matéria foi exibida no ano passado nos programas ‘Estação Cultura’ e ‘Cidadania’.

Fonte:
http://portal.comunique-se.com.br/index.php/editorias/3-imprensa-a-comunicacao-/71192-as-pessoas-pensam-que-eu-nao-posso-exercer-o-jornalismo-plenamente-por-ter-baixa-visao-diz-apresentadora-da-tve.html