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O preconceito velado no mercado de trabalho

A leitora Carlise Kronbauer enviou ao Três Gotinhas um depoimento sobre sua percepção quanto ao mercado de trabalho para pessoas com deficiência. Carlise é graduada em História e está concluindo Pós-Graduação em Pedagogia Empresarial e Educação Corporativa. Vale a pena conferir o texto dela!

“Observo todos os dias as vagas de trabalho reservadas a pessoas com deficiência nos sites da internet e, devido minha indignação, resolvi escrever. As empresas tem a visão que as pessoas com deficiência só podem trabalhar como auxiliar disso ou aquilo, não podendo ser analista, coordenador, gestor etc… Acompanho há meses a disponibilização de vagas de muitas empresas recrutadoras e as ofertas são sempre as mesmas – não condizentes com as pessoas com graduação ou qualificação mais avançada.

Acredito que nós, pessoas com deficiência, merecemos um trabalho mais digno do que as vagas ofertadas. Atualmente, estamos nos capacitando e qualificando para atingir níveis mais elevados de cargos. Muitos cegos, como eu, já possuem graduação e pós-graduação completa. Considero uma ofensa a oferta constante de cargos com salários miseráveis, que na conjuntura atual não conseguem suprir nossas necessidades básicas.

Dessa forma, gostaria que as empresas viabilizassem empregos condizentes com a formação do candidato e com realidade do mercado. É frequente as empresas recrutadoras culparem as próprias pessoas com deficiência por falta de qualificação, mas elas estão desinformadas sobre o currículo de muitos cegos por exemplo. É preciso que a visão das empresas se amplie para que possamos realmente vivenciar a inclusão, pois o mercado mudou. Estamos mais qualificados e competitivos do que no passado.

Enfim, desejamos um trabalho digno igual ao das pessoas sem deficiência. Os maiores cegos são aqueles que não enxergam que temos capacidade para atingir horizontes mais altos!”

(Carlise Kronbauer)

Caso você tenha alguma experiência para compartilhar com outros leitores, faça como a Carlise, envie pra mim: mariana.baierle@uol.com.br. Terei o maior prazer em publicar! Abraço a todos

Candidatos e eleitores com deficiência

Nenhum deputado atualmente com deficiência na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Apenas um vereador com deficiência na Câmara Municipal de Porto Alegre. Nessas eleições, segundo o Coepede (Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência), são sete candidatos com deficiência a vereador da Capital, de um total de 591.

Entre os eleitores, cerca de onze mil em todo Estado declararam ao TRE ter alguma deficiência ou dificuldade de exercício do voto (embora o número de pessoas com deficiência no RS seja muito superior)..

O artigo 29, da Convenção da ONU sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, que o Brasil é signatário, prevê acesso pleno ao processo eleitoral às pessoas com deficiência. Mas será que as pessoas com deficiência têm representatividade nos órgãos públicos e na política brasileira? E, mais do que isso: será que estão participando efetivamente do processo eleitoral, seja como candidatos ou como eleitores?

Participar do pleito não significa apenas votar, ter uma urna adaptada, uma rampa de acesso ou sinalização em braile e fontes ampliadas. É ter voz como cidadão independentemente da deficiência. É ser protagonista da vida política de uma cidade, de um país. É ter o seu direito garantido no acesso à cultura, à informação, ao conhecimento e a oportunidades iguais. Profissionais com deficiência vem ganhando, ainda sem as condições adequadas, espaço na política, no mercado de trabalho, nas universidades e nas demais esferas sociais./

A publicidade eleitoral

Ainda não há uma consciência generalizada de todos os candidatos na comunicação efetiva com os eleitores.

Quantos candidatos estiveram preocupados com a acessibilidade em suas campanhas? Quantos utilizaram, em sua publicidade, Libras, audiodescrição, legendas, folhetos em braile e fontes ampliadas?

Eu, que tenho baixa visão, não me sinto contemplada ao receber um folder na rua com fonte tamanho 10. sem nenhuma adaptação para mim. Ou ainda, ao entrar em um site mal projetado para pessoas com deficiência visual.

Se já desconsideram esse público durante a campanha, imagina depois durante o mandato caso sejam eleitos.